Caminhos do artesanato

Bom dia, pessoal.

Escolhi o nome Caminhos do Artesanato como marca porque eu me identifiquei com a ideia de percorrer novos caminhos, encontrar novas maneiras de viver. Esse blog foi um dos caminhos encontrados. A ideia inicial era que o artesanato seria um tema dominante, mas ao longo do tempo ele foi se diversificando e eu o fui usando como uma forma de expressar minhas ideias e observações. Claro que, vez por outra, o artesanato aparece por aqui!

Hoje, por exemplo, quero falar sobre um aspecto importante da crise médica que nos atinge: a necessidade de isolamento social. Em primeiro lugar, acredito que esta medida é realmente necessária. Não dá para acreditar que o mundo inteiro se uniu para destruir a economia do Brasil, ainda que prejudicando as suas próprias. Isso é levar muito longe a teoria da conspiração. Também não acho que seja um daqueles casos em que toda unanimidade é burra, porque é uma medida lógica para evitar a disseminação do vírus. Seria como dizer de 2+2 = 4 é uma unanimidade e, portanto, é burrice.

Então, o isolamento ou distanciamento social é uma medida dura, mas necessária. Admitindo-se isso, a solução parece óbvia: fiquemos todos em casa. Porém o tempo de afastamento pode ser grande e o ser humano não sabe viver longos períodos isolado. Assim como todos vocês, eu estou exatamente nessa situação e, para evitar cair em um estado depressivo, tenho procurado criar muitas atividades, tanto físicas como mentais para ocupar o dia e usar bem o tempo, ao invés de simplesmente vê-lo passar. Acho que essa segunda opção é realmente um convite à depressão.

Tenho também aproveitado para refletir e escrever. Um dos temas que sempre aparecem é Valor, no sentido de valorizar o que é realmente importante, não só neste momento, mas no dia a dia. Acho que temos que levar essa questão para nossa vida pós-crise. Aqueles médicos que, hoje, são aplaudidos nas janelas continuarão a ser os mesmos quando essa crise passar. Aquele jogador de futebol ou aquele artista de TV que hoje estão em quarentena não estão me fazendo falta neste momento. Não é que jogos, novelas, programas e outros tenham que ser desprezados. Tudo tem sua importância. Entretanto, acho que temos que dar mais valor ao que realmente faz diferença em nossa vida.

Outro aspecto desta crise são algumas das medidas de emergência que estão sendo tomadas. Acho surreal, por exemplo, quando vejo autoridades tomarem decisões emergenciais do tipo: não pode haver pessoas em pé nos ônibus. Essas e outras medidas do mesmo tipo deveriam fazer parte da rotina e não de uma situação de crise! Como disse na postagem passada, toda a crise traz oportunidades e é extremamente importante que reflitamos tanto sobre a crise quanto sobre suas oportunidades.

Nosso senso de valor está muito errado e espero que essa experiência coloque-o no rumo certo de novo. O mundo certamente agradecerá! Que todos vocês tenham uma ótima semana!

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A necessidade das cores

Bom dia a todos.

Hoje, vamos filosofar um pouco. O que se pode ou se deve fazer quando as pessoas insistem em falar mais do que ouvir?

No Brasil, nesses últimos tempos, essa tem sido a regra, não a exceção. De repente, todo mundo começou a achar que tudo tem apenas dois lados: o inteiramente certo e o inteiramente errado, o inteiramente bom e o inteiramente mau, etc.

Atualmente, a grande maioria das pessoas confunde argumento com potência vocal, como se gritar mais e escrever com mais contundência desse razão a um ponto de vista. Então, para não entrar em uma competição sem sentido, há uns dois anos, eu resolvi sair de quase todos os grupos de whatsapp, que eu considero a principal fonte de discussões inúteis e improdutivas da atualidade.

Gente, para perceber o que essa polarização toda consegue produzir, pensem num mundo em preto e branco. Nós perdemos a imensa riqueza que existe nas cores, no degradê, nos tons. Essa polarização não resolve os problemas e vai gerar uma gangorra que só pode acabar quebrando e jogando os dois lados no chão!.

Voltando ao whatsapp, ao sair de diversos grupos, acabei descobrindo como desperdiçamos tempo e focamos nossa atenção em coisas que, no fundo, não são importantes e muito menos construtivas. De repente, eu tinha tempo para dedicar a mim mesma.

Esse tempo livre que apareceu foi preenchido com leituras, conversas e artesanato, claro. Sinceramente, hoje em dia, lixar madeira me dá muito mais satisfação que seguir discussões sem sentido nas redes sociais. Isso faz de mim uma pessoa alienada? Eu acho que não. Acho que só me dá mais equilíbrio e não destrói minha capacidade de ouvir. Acho que “ter um lado” funciona como um antolho, que não permite enxergar o mundo a sua volta. Esse blog, meu artesanato e o aumento de minha taxa de leitura anual são exemplos que me fazem acreditar que tomei a decisão correta.

Hoje, consigo ouvir diversos tipos de pessoas, conversar com pessoas que têm diferentes opiniões sem categorizar, antecipadamente, umas como certas e “do bem” e, consequentemente, as outras como erradas e “do mal”. Isso me permite ver a floresta ao invés de ver apenas árvores.

Então, pensem nisso … ninguém está absolutamente certo ou absolutamente errado o tempo todo. Isso simplesmente não acontece. A realidade não é preta ou branca. Ela é colorida.

Uma ótima semana a todos!

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Solidão

Olá, pessoal.

Hoje, eu queria abordar algo que pode se tornar um ponto negativo do artesanato. Verdade, nem tudo são flores!

Por sua característica individual, o artesanato pode se tornar uma atividade solitária. Ele demanda tempo e concentração, fazendo com que pessoa não interaja muito em sociedade. Isso pode fazer com que ela se torne muito introspectiva. Não acho que o “introspectiva” seja ruim. O problema é o “muito”! O hábito de olhar para dentro de si, de “falar” com você mesmo e de refletir pode ser bastante salutar se mantido em equilíbrio com a interação social. Pode ocorrer, porém, de dedicarmos tanto esforço e tempo a essa atividade individual que o mundo ao redor como que deixa de existir. Isso significa não focar em problemas como violência, trânsito, política etc., mas também significa se afastar das pessoas.

Como em todas as situações da vida, é necessário buscar o caminho do meio. Não busquei o artesanato por ser uma atividade solitária, mas por ser uma atividade prazerosa que permite aliviar o estresse. Não quero sair de um extremo e cair no outro. Isso nunca é a solução dos problemas. Eu devo confessar que não sou uma pessoa muito “sociável”. Sempre prefiro grupos pequenos, lugares tranquilos, pouca agitação, etc. Tenho, sim, uma tendência à introspecção, mas não à solidão, no sentido que normalmente damos a essa palavra.

Por isso, é necessário ficar atenta. Adoro decupagem, adoro colorir, mas acredito que o relacionamento com as pessoas não pode nunca ser negligenciado. Amigos, conhecidos, colegas de trabalho e até contatos recentes e ainda desconhecidos são, fundamentalmente, pessoas. Eles têm características e gostos próprios. Se eu preciso fazer uma peça artesanal para atender seus pedidos, no mínimo, eu preciso conversar, saber seus gostos, etc. Enfim, a interação é importante para mim tanto enquanto pessoa como enquanto artesã.

Por todos esses motivos e para que o artesanato não se torne uma atividade solitária, ando pensando em transformá-lo em uma ferramenta social, um elemento de aproximação entre pessoas, mas a ideia está tão embrionária, que vou deixar para desenvolvê-la em uma próxima oportunidade. Só posso adiantar que, assim como várias outras atividades, acredito que o artesanato pode ser uma forma de recuperar a autoestima das pessoas, tornando-as produtivas e integrando-as na sociedade.

Uma ótima semana a todos.

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Divulgação

Bom dia, pessoal.

Visto que eu sou uma pessoa bem fechada em mim mesma, o primeiro grande obstáculo que encontrei no artesanato foi a divulgação dos meus produtos, a exposição do meu trabalho à apreciação e crítica das pessoas. Conheço bem a teoria: o trabalho artesanal sempre está sujeito a ficar imperfeito. Aliás, eu diria que essa é a situação normal, e não a exceção! É muito raro, acredito, executar um projeto sem erros. Aceitar isso, aceitar que não somos perfeitos é, talvez, o primeiro passo para vencer a barreira da exposição.

O que acabou funcionando para mim foi fazer com que essa exposição fosse controlada. Comecei com um grupo de pessoas com as quais eu tinha contato direto. Não necessariamente amigos próximos, mas pessoas com quem eu convivo e de quem eu posso colher opiniões e sugestões. Eles me deram uma base sobre a qual eu pude trabalhar e me aperfeiçoar até criar coragem para o próximo passo.

Acho que, dessa forma, por mais inibida que eu seja, acabei ganhando a confiança necessária e consegui ampliar o público para quem expunha meu trabalho até que, enfim, cheguei às redes sociais, através do instagram (@caminhos.do.artesanato).

Além de quebrar barreiras internas para divulgar meu trabalho, foi nesse processo que percebi que era muito importante assinar minhas peças, assumindo seus pontos positivos e negativos. Daí iniciei a criação da marca Caminhos do Artesanato, dei início a preparação deste blog, que, um dia, pretendo transformar em um site mais completo e fiz um cartão de apresentação, como vocês podem ver na figura que ilustra este post. Todo este processo de exposição foi um desafio para mim, e o fato de estar aqui, conseguindo falar sobre essa situação é uma conquista que me dá uma alegria muito grande.

Claro que cada um tem um ritmo. Para chegar neste ponto, levei uns três ou quatro anos, e ainda tenho um longo caminho a percorrer. O importante, acredito, é não se demorar demais em uma etapa, de forma a não perder o ritmo. Quem anda de bicicleta sabe que o segredo de ficar equilibrado e não cair é manter o movimento.

Pelas postagens nos grupos de artesãos de que participo no facebook, sei que essa dificuldade não é só minha, mas é compartilhada por muitas pessoas. A divulgação é um passo difícil, mas que, acredite, fica mais fácil a cada projeto executado. As críticas podem e vão acontecer, mas é importante refletir sobre elas para tirar ensinamentos e criar novas técnicas.

Uma ótima semana para vocês e até a próxima.

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A Centésima Martelada

Olá, pessoal.

Uma vez eu li uma história que criou raízes em mim e que passo a compartilhar com vocês. A história aborda a relação mestre-discípulo de um ponto de vista diferente.

Havia um homem que caminhava pela estrada com o firme propósito de encontrar um mestre que o guiasse pela vida. Passando pela porta de uma casa, ele viu um escultor que olhava atentamente para um bloco de pedra. O escultor colocou o formão em uma determinada posição sobre a pedra, respirou fundo e aplicou uma forte martelada. Nisso, a pedra rachou e surgiu a escultura praticamente pronta.

O homem ficou maravilhado e pensou consigo mesmo que finalmente havia encontrado seu mestre. Ele entrou humildemente no terreno e implorou ao escultor que se tornasse o seu mestre. O escultor o olhou espantado e perguntou o porquê de tão estranho pedido.

O homem disse que jamais havia visto um feito como aquele, que deixara claro que o escultor tinha um poder fantástico e, por isso, o homem desejava que ele se tornasse o seu mestre. O escultor riu e disse que não, que o que o homem viu não o qualificava como mestre.

O homem ficou perplexo e insistiu que havia testemunhado um feito impressionante e de grande poder. O escultor negou de novo, dizendo que o que o homem testemunhou foi a centésima martelada, aquela que finalizou o serviço. Disse que o homem não estava presente para testemunhar as outras noventa e nove marteladas prévias, que aparentemente não surtiram qualquer efeito, mas que foram necessárias para preparar e tornar possível a centésima martelada.

Eu adoro essa história e sempre lembro dela quando alguma técnica não funciona ou quando não fico satisfeita com uma peça. Sempre penso que não deu certo porque ainda não era ainda a centésima martelada, mas é uma das etapas necessárias de preparação, e, da próxima vez, quem sabe? O que não se pode fazer é desistir!

É isso. Uma ótima semana a todos.

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Apresentação (atualizado em Março/2021)

Bom dia, pessoal.

Começo hoje um blog de artesanato. Quem diria! Mas, porque eu digo isso, se hoje em dia é tão comum ter um blog na Internet? Bom, para explicar, eu tenho que me apresentar.

Meu nome é Fatima. Nasci e moro no Rio de Janeiro, Brasil, e quem me conhece se pergunta como vim parar em um blog de artesanato? Minha formação acadêmica já é uma confusão: segundo grau técnico em eletrônica, ensino superior em letras (português/espanhol) e gosto literário eclético, mas com ênfase em ficção científica, romances históricos e fantasia. Ah, sim … pretensão de ainda fazer uma faculdade de história, matéria que adoro! Como eu disse, quem me conhece se pergunta o que estou fazendo em um blog de artesanato?

Para encurtar uma história comprida, eu estava estressada. Não é fácil viver em uma cidade grande, principalmente no Rio de Janeiro. Muita correria, violência, ansiedade, etc. E foi aí que o artesanato entrou na minha vida.

O artesanato não é algo pelo qual sempre fui apaixonada. Pelo contrário: odiava as aulas de artes quando criança e nunca dei importância a ele depois de adulta. Mas, nós realmente mudamos ao longo da vida e assim também nossos gostos e paixões. E, quando estamos prontos, se estamos atentos e receptivos, a oportunidade e o mestre realmente aparecem. Não sei como, mas, de repente, estava fazendo um curso de decupagem em uma loja de artesanato.

Depois de um tempo, essas aulas, porém, não eram mais o suficiente. Aconteciam uma ou duas vezes por mês (eu só podia fazê-las aos sábados) e isso se tornou muito pouco para mim. E foi aí que mais uma mestra apareceu, dessa vez na Internet. As aulas passaram a ser feitas sempre que eu podia.

Quando dei por mim, estava totalmente envolvida nesse mundo e pensando em um futuro onde o artesanato preenchesse boa parte do meu tempo. Para preparar esse caminho, resolvi criar uma marca, uma identidade para os produtos confeccionados por mim. Essa marca precisava de um nome com o qual eu me identificasse, mas qual?

Nomes são um resumo de uma história. Eles definem uma pessoa, um objeto, um lugar etc. Pensando nessa história e em meus diversos interesses, o nome que eu queria para minha marca surgiu quase que de forma explosiva: Caminhos do Artesanato;

Sua inspiração é literária; um poema do qual eu sempre gostei, mas com o qual, há dois ou três anos, quando comecei a praticar o artesanato, eu me identifiquei de vez. Era o que eu precisava naquele momento da vida: um novo caminho. Algo que me tirasse da rota de colisão com o estresse e me levasse a entrar em contato com novas pessoas e com ideias e objetivos diferentes. Mas, afinal, qual foi a inspiração do nome ?

Caminante, son tus huellas 
El camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
Se hace camino al andar.

Al andar se hace el camino
Y al volver la vista atrás
Se ve la senda que nunca
Se ha de volver a pisar.

Caminante no hay camino
Sino estelas en la mar.

Estes versos são de um poema de Antonio Machado, poeta espanhol que viveu entre 1875 e 1939. Esta, para mim, é a mais linda definição de um caminho. Ele pode até não existir, mas é criado a partir do momento em que é trilhado.

Há uns dois ou três anos, eu precisava seguir um novo caminho, e, por desejar e começar a andar, Caminhos do Artesanato se tornou real.

Esse foi o começo da marca. O blog é uma consequência natural. Espero compartilhar aqui história e experiências com vocês. Espero também inspirar às pessoas a trilharem novos caminhos e descobrir novas oportunidades de transformar suas vidas.

Senti a necessidade de fazer a atualização deste texto em Março de 2021, porque, por conta da pandemia de COVID-19, estou há um ano no máximo isolamento possível. Isso interferiu demais com a produção do meu artesanato e com os textos publicados no blog.

Como a produção caiu bastante, passei a publicar textos sobre outros temas. Para manter a mente saudável, é importante mantê-la ativa e, desta forma, literatura, filmes e comentários sobre temas gerais passaram a dividir espaço com o artesanato. Não sei quando esse isolamento irá acabar, mas, assim como o artesanato, nosso dia-a-dia precisa de muita criatividade. Precisamos explorar novos caminhos e novos interesses e, como não dizia Fernando Pessoa: Escrever é preciso!

Este blog, a princípio será semanal, então, uma ótima semana para vocês e até a próxima!

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