Interpretações

Um dos últimos projetos que executei cumpre perfeitamente um preceito básico da decupagem: as cores e feitos do desenho usado deve servir de inspiração para o restante da peça.

Daí que, nesta caixa, eu usei um papel que mostrava um regador com uma aparência bem usada, equivalente a uma pátina. Então, não tive dúvida em reproduzir este efeito no corpo da caixa. Assim fiz, e fiquei bastante satisfeita com o resultado. Mas eis que surge uma voz discordante: minha mãe olha e pergunta … você vai consertar a pintura estragada, né ? Minha cara foi ao chão !!

Respirei fundo e disse a mim mesma que isso é algo com que qualquer artesão terá que conviver. Seus projetos e interpretações não serão nunca compreendidos por todos da forma que você pensou. Não podemos ficar neuróticos tentando agradar a todos!

A primeira pessoa que tem que ficar satisfeita com seu trabalho é você mesma. Isso, a meu ver, depende do desenvolvimento de uma característica que tem andado sumida em nosso mundo atual: a autoestima.

Autoestima nunca foi sinônimo de egoísmo ou narcisismo, mas é tão somente um sentimento de respeito a sua própria pessoa. É perceber que você até pode gostar ou se identificar com um grupo, mas que você é um indivíduo de gosto e opinião próprias. Se você não respeita e valoriza a si mesma, não espere que os outros o façam.

Então, no artesanato, além de gostar da atividade, o artesão tem que respeitar o seu esforço, confiar no seu gosto e ficar feliz com o resultado. Críticas são importantes e devem ser analisadas, claro, mas, procure, acima de tudo, ficar satisfeita com seu trabalho. Dito isso, minha mãe que me perdoe, mas, não, como vocês podem ver na figura de chamada deste post, não “consertei a pintura estragada”!

Uma ótima semana a todos!

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