Grupos e Tribos

Bom dia, pessoal.

Eu não tenho dúvida alguma sobre a importância do grupo para a sobrevivência do ser humano ao longo do tempo. O grupo (ou a tribo) é essencial para garantir a sobrevivência de uma criatura frágil, que leva anos para desenvolver seu potencial físico, que não tem garras, carapaças, dentes ou qualquer outro acessório de defesa ou ataque. Se chegamos até aqui, foi graças ao grupo.   

Isso posto, ouvi recentemente uma reflexão muito interessante sobre o choque que pode ocorrer entre a identidade pessoal e a de grupo. A identidade de grupo é tão forte que esse choque, muitas vezes, faz com que as pessoas considerem mais importante manter a sua identidade de grupo que preservar sua identidade pessoal, desta forma, anulando-se. Isso é o que impede, por exemplo, que uma pessoa possa desejar torcer para um clube de futebol diferente daquele que foi escolhido para ela (às vezes, quando ainda era bebê) e não consiga fazê-lo. Outra dificuldade é tentar ter hábitos diferentes dos das pessoas de seu grupo, ainda que os novos hábitos pudessem tornar a pessoa mais feliz.

Com base nessa reflexão, me parece que o conflito ficará cada vez maior de acordo com o número de grupos simultâneos a que a pessoa pertença. A diversidade de grupos que criamos ao longo do tempo pode ajudar a explicar porque os problemas de violência, por exemplo, não param de aumentar. Há muito tempo que deixamos de pertencer simplesmente ao grupo humano e passamos a nos identificar com outros subgrupos. 

Mais que humana, a pessoa pode ser branca; não só branca, mas mulher. Não só mulher, mas brasileira. Ainda é um grupo muito amplo? Ok, então a pessoa pode ser carioca e, mais que isso, ser da zona norte da cidade. Essa hierarquia de subgrupos vai ficando cada vez maior e vai ficando difícil identificar-se com todos eles. Assim, concentramos nossa afinidade nos níveis mais próximos, o que explica que alguém, por exemplo, se identifique mais como torcedor do Flamengo que como ser humano, justificando portanto, a agressão a um vascaíno. Não são dois seres humanos (que pertencem ao mesmo grupo) se agredindo, mas torcedores de clubes diferentes (grupos diferentes, portanto) se agredindo.

Esse é o tipo de reflexão que, provavelmente, não serve para muita coisa, mas achei interessante dividi-la com vocês antes de desejar a todos uma ótima semana!

Como definir o que é o suficiente?

Bom dia, pessoal.

Considerando a história da humanidade, não deixam de ser engraçadas as razões de muitas de nossas queixas atuais. Vamos a alguns exemplos de como a vida anda mais tranquila: Há não tanto tempo assim, uma pessoa de quarenta anos já era considerada velha e, se vivesse em uma cidade, já teria dificuldade para conseguir um emprego. Há não muito tempo, o telefone (linha fixa, é claro) era o meio mais rápido e moderno de comunicação à distância. Há pouquíssimo tempo, não havia smartphones e seus aplicativos. Se você precisasse fazer compras, tinha que ir pessoalmente à loja, à feira, à farmácia etc. Há não muito tempo, não havia Internet e, quando ela surgiu, você só se comunicava através de e-mail, que não deixava de ser uma carta, sem a demora dos correios. Aliás, há não muito tempo, você precisava dos correios para se comunicar com pessoas que estavam longe de você. Na pandemia de gripe espanhola, por exemplo, um isolamento social seria realmente um isolamento completo.    

Olhando para esses e muitos outros exemplos, vemos como a vida material deveria ser perceptivelmente mais fácil hoje em dia, só que parece que não é. Parece que sempre encontramos novas razões para insatisfações. Acho que temos uma enorme dificuldade para traçar uma linha e dizer: isso é o suficiente para mim; estou satisfeito.   

Uma boa analogia seria o que ocorre na indústria da informática. Basta que se aumente a capacidade de memória ou armazenamento e vão surgir softwares que usarão os novos recursos. Esse ciclo parece ser eterno e as pessoas acabam trocando equipamentos muito antes do necessário o que, por sua vez, só aumenta a quantidade de lixo no planeta.

Essa eterna insatisfação é vista por algumas culturas como um motor de progresso humano e, portanto, é uma qualidade. Não sei vocês, mas eu tenho sérias dúvidas quanto a isso, principalmente porque essa insatisfação parece ficar restrita aos aspectos materiais. Alguém já viu uma pessoa reclamar que não está satisfeita com seu grau de honestidade ou de bondade, por exemplo? Será que algum dia daremos a nosso aprimoramento pessoal a mesma importância que damos à atualização de nossa tecnologia?

Enfim, tenham todos uma ótima semana!   

Conhecimento é sabedoria?

Bom dia, pessoal.

Em um exercício da aula de inglês, deparei-me com uma pergunta que não é simples nem fácil: “O que te traria mais sabedoria: viajar pelo mundo por dez anos ou ler dez mil livros?” 

Não é uma pergunta simples, porque oferece duas opções simplistas e que, por si só, não garantem a citada sabedoria. Viajar pelo mundo, na primeira opção, indica um deslocamento no espaço, no qual uma pessoa pode aprender muito através do contato com pessoas e culturas diferentes. Entretanto, essa mesma pessoas pode tirar milhares de fotos e não viver nenhuma experiência significativa.

Por outro lado, os livros permitem um deslocamento no tempo e nos dão acesso a pessoas realmente sábias que não estão mais vivas. A questão aqui é o tipo de livro que se lê. Essa pessoa poderia ler dez mil livros e, ainda assim, não extrair deles nenhum ensinamento aplicável a sua vida.

Para dar um exemplo, eu poderia fisicamente viajar à Grécia hoje e não teria a oportunidade de aprender diretamente com Platão ou ouvir os ensinamentos de Sócrates. Na verdade, viagens e livros podem proporcionar tipos diferentes de conhecimento e, conhecimento pouco tem a ver com sabedoria.

Acredito que a sabedoria é o resultado de um longo processo de reflexão sobre o conhecimento adquirido a partir das experiências vividas e das observações feitas tanto através de livros lidos como de viagens feitas.  Ninguém aprende a ser sábio, mas pode vir a tornar-se um. Confúcio é considerado um sábio e, ao que se sabe, ele não fazia viagens constantes e nem lia milhares de livros.

Tudo considerado, a pergunta não me parece razoável e a resposta teria que indicar que nenhuma das opções trará sabedoria, sendo apenas meios através dos quais é possível refletir e melhorar a si mesmo.  As duas opções da pergunta formam uma espécie de polarização e, na verdade, é bem possível que uma pessoa se torne mais sábia somente quando tentar ir além desse tipo de dualidade, integrando todos os conhecimentos e experiências em uma ética que a transforme em alguém melhor.   

Termino, então, desejando uma ótima semana a todos!

Nova série

Bom dia, pessoal. 

Eu já me prometi milhares de vezes não cair nessas tentações, mas elas são fortes e têm poder. É como a atração de um precipício, que você sabe que está lá, mas do qual não consegue ficar longe. O poder da atração é grande e nem sempre dá para evitá-lo. E comigo aconteceu, portanto. De novo! 

Entrei em mais um universo de fantasia, do qual ainda não havia ouvido falar, mas que me foi fortemente recomendado. Entretanto, não pensem que minha força de vontade foi destruída tão rapidamente por uma simples indicação. Não! Eu resisti bravamente! Essas coisas, porém, são engraçadas. Parece que o mundo percebe sua tentativa desesperada de lutar e deixa as coisas cada vez mais difíceis e desesperadas.   

Eu estava quieta no meu canto, quando começaram a aparecer comentários sobre a série de livros A Roda do Tempo, de Robert Jordan, e tais comentários diziam que essa série é considerada a maior e mais elaborada obra de literatura fantástica desde O Senhor dos Anéis. Nesse ponto, eu começo a balançar, mas ainda resisto por saber que a série é composta de 14 livros.   

Penso, então: Guerra dos Tronos de novo, não! Não vou arriscar gostar da série e depois ficar numa ânsia sem fim esperando pelo lançamento de um novo livro! Errar de novo, não! Fortalecida por esse argumento, estava me segurando muito bem, quando veio o golpe de misericórdia: “Lançados originalmente entre 1990 e 2013, os 14 volumes da série A Roda do Tempo compõem um elaborado universo fantástico, só comparável ao da obra de J.R.R. Tolkien.”   

Foi demais para mim saber que a série já está totalmente escrita e, confesso, sucumbi. Não sou forte o suficiente para resistir a tantos golpes do destino e, portanto, O olho do Mundo, publicado em 1990 e o primeiro dos 14 volumes desta série já está sendo lido. Claro que é uma típica coleção a ser feita totalmente para kindle, dado o fato de que 500 páginas parece ser o tamanho mínimo de cada volume.   

É isso, então. Essa foi a confissão de uma pessoa fraca, que não consegue impor sua vontade, mas que deseja a todos vocês uma ótima semana!

Tempo

Bom dia, pessoal.

Acho muito interessante um conceito do filósofo romano Sêneca a respeito do tempo. Dizia ele que uma das poucas coisas que realmente nos pertence na vida é o tempo. Ele é nosso para controlar e decidir como usar, mas nós desperdiçamos esse bem valioso quando o temos e depois nos queixamos quando ele nos falta. As expressões de linguagem estão aí para mostrar como nós tratamos esse bem que deveria ser mais valorizado. Nós “matamos o tempo” ou fazemos “passatempos” quando simplesmente queremos que o tempo passe por nós, sem nenhum envolvimento.

Para complementar essa ideia, ouvi, há algum tempo, uma colocação atribuída a Platão que é absolutamente perfeita: ao invés de preocupar-se com a vida após a morte, o ser humano deveria se preocupar com a vida antes da morte! E não é que Platão (para variar) está certo? Saber que a ampulheta está correndo não deveria ser motivo de preocupação, uma vez que é inevitável. Entretanto, valorizar cada grãozinho de areia deveria ser a meta de todos nós.   

Eu não acredito que valorizar o tempo seja querer fazer mil coisas em um dia, porque você acaba fazendo mal todas essas coisas. Acho que essa valorização tem mais a ver com fazer tudo com consciência, e aí, olha só, acabamos de volta no mindfulness. É impressionante como esses conceitos se interligam e como tantas pessoas, ao longo dos séculos, estão sempre dizendo a mesma coisa.   

Além disso, acho que para valorizar o tempo que temos, deveríamos, antes de mais nada, não desperdiçá-lo com coisas em que não acreditamos ou que não nos acrescentam nada. Muitas vezes usamos nosso tempo com coisas que simplesmente achamos que servirão para que sejamos aceitos. Para estar em grupo, vemos filmes de que não gostamos, vamos a eventos que não nos dizem nada, praticamos atos com os quais não concordamos etc. O tempo que gastamos em tais atividades não será reposto e, ao não honrarmos esse tempo, deixamos de viver nossas vidas.

Enfim, esse foi o momento filosófico do blog e aproveito esse tempo para desejar a todos uma ótima semana!    

Fortuna e Responsabilidade

Bom dia, pessoal.

Tem uma frase que eu não sei se foi criada lá, mas foi citada em um dos filmes do Homem Aranha que diz que “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Eu acho que essa frase precisa ser urgentemente atualizada para ganhar uma nova cláusula: Com grandes fortunas vêm grandes responsabilidades.   

Quase todo mundo acompanhou, estas últimas semanas, notícias e vídeos do voo suborbital que levou os bilionários Richard Branson e Jeff Bezos ao espaço, onde eles permaneceram por alguns minutos. Para entender melhor a coisa, um voo suborbital significa que você venceu a gravidade da Terra, mas não teve velocidade suficiente para ficar em órbita do planeta. Por isso, ambas as naves passaram da atmosfera, ficaram alguns minutos e caíram de volta na atmosfera.  

Segundo a declaração do britânico (Branson), “Conforme você vai para o espaço, as vistas são de tirar o fôlego. Quero dizer, não há dúvida de que temos muita sorte de ter este planeta em que vivemos” e ele comenta ainda que este voo foi a realização de um sonho de infância.   

Minha primeira pergunta é: será que alguém informou a esse senhor a quantidade absurda de combustível que precisa ser queimada para vencer a gravidade da Terra e realizar o sonho de infância de uma pessoa? Será que ele tem consciência de que a vista maravilhosa que afirma ter visto pode ser destruída  com o empreendimento de turismo espacial que ele quer promover? Faria ainda uma última pergunta: quando ele diz que temos sorte de ter este planeta em que vivemos, será que ele realmente pensa que a Terra é propriedade privada de alguns?   

Por sua vez, ao regressar de seu voo, Jeff Bezos agradeceu aos clientes da Amazon, já que eles pagaram por essa aventura. Aí foi ainda pior, porque eu me senti cúmplice de uma ação que hoje é, no mínimo, irresponsável. Enfim, dois voos já aconteceram e há pelo menos mais seiscentas pessoas em listas de espera. Dinheiro não falta a esse pessoal. O mesmo, porém, não pode ser dito de responsabilidade. 

Tenham todos uma ótima semana!

Equilíbrio

Bom dia, pessoal.

Se algum de vocês já viu  um número de equilibrismo, percebeu que o maluco na corda bamba não fica parado; Ele está sempre em movimento. Andar de bicicleta é uma experiência parecida e a própria expressão ajuda: a pessoa anda de bicicleta. Se parar, vai acabar caindo.   

Basicamente tudo no mundo é assim. O equilíbrio é um processo dinâmico, e não estático. Se isso vale para o mundo físico, não é menos verdade para o mundo das ideias. Ficar preso a uma ideia, sem questioná-la sempre que necessário, impede o equilíbrio e fatalmente provoca a queda. Nesse caso, a queda pode ser vista como a sua impossibilidade de adaptar-se às novas circunstâncias, aos novos conhecimentos etc.   

A incapacidade de rever suas ideias gera o radical, para quem a verdade  mostrada tem que se adaptar a suas crenças, ou ela não é a “verdade verdadeira”. Tal pessoa não tem o que se chama uma mente elástica ou o que os especialistas chamam de flexibilidade cognitiva.

Darwin já dizia que a adaptação é a garantia do sucesso de uma espécie e isso também vale para o indivíduo. Se você não é capaz de mudar de rumo, de aprender coisas novas, de questionar suas atitudes, de dialogar com ideias contrárias etc., você é um grande candidato a cair por falta de equilíbrio e, neste caso, o verbo cair pode ser entendido como: perder o emprego, ficar neurótico, tornar-se violento etc.   

Descobri recentemente que existe uma avaliação chamada teste Stroop que é basicamente a figura de chamada dessa postagem. Parece simples, mas não é tão simples assim dizer em voz alta as cores de cada palavra. Esse teste avalia a atenção seletiva, a capacidade de manter o foco numa atividade e inibir a tendência de fornecer respostas impulsivas, além da velocidade no processamento de informações.  Para mim, além disso, esse teste é um exercício de equilíbrio, no qual você pensa e questiona seu pensamento.

Esse é um teste curioso, mas eu achei ele bem interessante por mostrar como não é tão simples fazer com que a razão supere a impulsividade. E acredito que para ser uma pessoa equilibrada precisamos muito treinar nossa razão.

Tenham todos uma ótima semana.

Semana de quatro dias?

Bom dia, pessoal.

Nesses dias, vi uma notícia no jornal que era meu sonho de consumo antes da aposentadoria. A matéria do G1, por Marta Cavallini, em 07/07/2021, trouxe a possibilidade de instituir-se a semana de quatro dias em alguns países. Esta ideia já foi testada, com sucesso, na Islândia. onde ficou comprovado que a produtividade era igual ou maior que a semana de cinco dias. “Além disso, os trabalhadores relataram se sentir menos estressados ou com menor risco de esgotamento. Houve ainda melhora na saúde e maior equilíbrio entre vida profissional e familiar.”

O acordo por lá foi a diminuição da jornada semanal sem diminuição de salário. Outros países, como Espanha e Nova Zelândia, testam essa mesma possibilidade que parece que realmente funciona. Entretanto, me parece que essa mudança vai demorar a nos alcançar aqui no Brasil. Eu acho que a semana de trabalho de 4 dias, vista pelo ponto de vista social e considerando as atuais condições econômicas por aqui, vai simplesmente proporcionar à maioria a oportunidade de fazer um bico.   

A ideia por trás desse tipo de medida em um país do chamado primeiro mundo é diminuir o estresse e proporcionar mais  saúde física e mental aos trabalhadores. Não me parece, porém, uma medida completamente altruísta. Interessa às empresas diminuir gastos com trabalhadores doentes e perda de produtividade por causa do estresse, por exemplo. Na verdade, se as empresas não ganhassem alguma coisa, nenhum país, seja de primeiro mundo ou não, ia aderir a essa possível tendência.   

Exatamente por isso, acho que não funcionaria aqui. Poucas pessoas teriam condições de usar o dia extra de folga para ir a um museu, dar atenção aos filhos, aumentar sua cultura, simplesmente relaxar etc. A maioria ia tentar conseguir uma nova fonte de renda e, provavelmente, estaria exposta a um estresse ainda maior. As empresas ficariam com um número ainda maior de funcionários doentes e, portanto, não ganhariam nada com essa medida. 

Portanto, diferente do que levanta a matéria, acho que o que impedirá a adoção da semana de 4 dias no Brasil não são problemas legais, mas econômicos. Eu adoraria que fosse possível, mas não acho que, neste momento, seja.

Tenham todos uma ótima semana!

Segundo Semestre

Bom dia, pessoal.

Chegamos ao segundo semestre de 2021. Já há vacina, mas ainda são poucos os vacinados. Há cada vez mais miséria, desemprego, dívidas e falências. Nesse cenário, não há muito com que ficar feliz, mas também chega a percepção de que não dá para reclamar por pouca coisa.

Se não pratiquei artesanato neste primeiro semestre, mantive a saúde, li bastante, escrevi bastante. Se não vi os amigos e se não fui ao pilates, os amigos estão com saúde e eu tenho uma casa para morar, minha família está bem de saúde e as contas estão pagas. Simplesmente, não dá para reclamar.

Esse blog nasceu para falar de artesanato, mas ele se adaptou ao momento e hoje fala sobre qualquer outra coisa, e está tudo bem. A vida nem sempre segue o roteiro que queremos; aliás, ela quase nunca o segue. Nós é que temos que nos adaptar às circunstâncias que ela apresenta; nós é que temos que ser flexíveis.

Já estamos no segundo semestre de 2021 e todos os dias continuam a ser um desafio. Se, por um lado, quero muito voltar a trabalhar com artesanato, quero ainda mais manter a saúde para isso. Se eu quero voltar a vender minhas peças, preciso que haja compradores. Tudo é interligado e interdependente, e um olhar egoísta não traz nada de bom para ninguém.

Então, eu espero muito que este segundo semestre traga alívio e que apareça uma luz no fim desse longo túnel, não só no campo médico, mas também no campo econômico. Tenham todos uma ótima semana!

Importância de cuidar-se

 Bom dia, pessoal.

No momento em que o Brasil ultrapassa a marca dos quinhentos mil mortos por COVID-19, temos dois tempos simultâneos: um tempo para o luto pelos que se foram e um tempo de preocupação pelos milhões que ficarão e que sofrerão algum tipo de dano psicológico ou terão distúrbios e fobias. A maioria das pessoas (espera-se) fará parte deste último grupo, mas terá perdido amigos, familiares, conhecidos etc. O autocuidado passa a ser uma atitude importante para manter nossa saúde não somente física, mas também mental. Precisamos estar consciente dos e atentos aos efeitos psicológicos causados pela pandemia.

Vejo muitas pessoas utilizando a alienação como ferramenta e entendo por alienação tanto o ato de não se informar de nada como o ato de fingir que nada está acontecendo e que tudo é exagero e paranoia. Festas e churrascos, lotados de pessoas confraternizando alegremente (com a ajuda do álcool, é claro) sem nenhuma preocupação com máscara ou distanciamento é, para mim, um tipo de alienação extremamente perigosa e que vai ficando cada vez mais comum. Qualquer que seja o tipo de alienação, não acho que essa seja a melhor resposta para a situação que vivemos.

Acredito em tentar equilibrar o acompanhamento das notícias com o autocuidado. Alimentar-se apenas de notícias ruins é péssimo e não traz ganhos no combate ao vírus. Nesse sentido, procuro limitar o tempo diário de acompanhamento de notícias, preenchendo o resto do dia com atividades que me façam bem: música, leitura, jardinagem, atividade física etc. Não vejo sentido em acompanhar as mesmas notícias várias vezes, não vejo benefício algum, para ninguém, em sofrer diversas vezes com mesma notícia.

Há uma frase, que acho que é atribuída a Salomão, que diz: “Para todas as coisas há uma estação, e um tempo certo para cada propósito debaixo dos céus”. Se esse é tempo de luto, também é tempo de autocuidado, um momento para preservarmos nosso equilíbrio, porque ainda temos grandes desafios à frente e não sei se haverá psicólogos suficientes para atender a todos.

Então, cuidem-se física e psicologicamente, e tenham todos uma ótima semana!