Diversidade

Bom dia, pessoal.

Uma das primeiras coisas que um artesão aprende é que não existem duas peças idênticas. Se um cliente diz que quer uma peça exatamente como a que está na foto, na Internet ou até como a que ele tem em mãos, você já explica que isso não é possível. Você pode tentar chegar o mais próximo possível, mas o trabalho artesanal gera peças únicas e essa é, talvez, sua característica mais importante.

Da mesma forma, o ser humano é único, por mais numerosa que seja a espécie. As pessoas têm entendimentos diferentes, têm gostos diferentes, fazem escolhas diferentes, comportam-se de maneiras diferente. Não importa se duas pessoas nasceram na mesma rua, têm a mesma cor de pele, frequentam a mesma escola, torcem pelo mesmo time etc. Elas serão diferentes entre si e diferentes de todos as outras pessoas.

Por essas razões, eu acho que querer que todos ajam de uma mesma forma, tenham os mesmos gostos e opiniões, sejam éticos, talentosos, honestos etc. é uma ilusão. Sempre haverá pessoas com todo tipo de características e o que cada um tem que decidir é sob que filtro quer ver e categorizar as pessoas e com base em que valores quer defini-las.

Por exemplo, se uma maioria, ou uma sociedade, decide que alguém deve ser mais respeitado quando tem salário ou renda altos, então essa maioria vai valorizar e admirar especuladores, políticos, jogadores de futebol (pelo menos uma pequena minoria) etc. e nunca um professor ou um médico de hospital público. Por outro lado, se essa mesma maioria decide que alguém deve ser mais respeitado quando faz uma real diferença na qualidade de vida das pessoas e quando é importante para o bem-estar da comunidade, aí a lista acima se inverte.

Em uma sociedade ética, os filtros aplicados terão a ética como fator mais importante. É por isso que acredito que temos que evoluir muito no Brasil para chegarmos a uma sociedade deste tipo. Por aqui, os fatores que mais importam na construção destes filtros parecem ser aqueles ditados pela “lei de Gerson” e isso diz muito sobre o que somos e explica porque, no meio de uma crise de saúde, existem desvios e roubos de material médico.

Infelizmente, essa é nossa realidade, mas, felizmente, cada um pode criar seu próprio filtro. É essa possibilidade que ainda me dá a esperança de que as coisas podem mudar.

É isso, então. Tenham todos uma ótima semana.

Pensando nos novos tempos I

Bom dia, pessoal.

   O que nasceu como uma defesa contra a COVID-19 me fez pensar muito sobre a questão da higiene, principalmente no que se refere à higiene domiciliar.

   Essa crise que nos atingiu e transformou nossas vidas é causada por uma doença respiratória que, como toda a doença desse gênero, afeta as pessoas em diferentes graus, de acordo com suas condições imunológicas, e causa mais estragos no inverno.

   Minha visão de leiga é que uma doença respiratória vai fazer mais estragos em pessoas que não respiram de forma eficiente. Podemos ver o sistema respiratório como um encanamento com um filtro de entrada e outro de saída (sempre lembrando que eu não sou médica!). O filtro de entrada, também chamado de nariz, é responsável pela filtragem do ar que entra na inspiração. Portanto, quanto menos sujo e poluído este ar estiver, maior será a eficiência de filtragem do nariz. Daí vem a necsesidade de manter um ambiente limpo e arejado em casa, principalmente porque é aí que estamos quase todo o tempo, pelo menos os que estão conseguindo fazer o isolamento social.

   Com isso em mente, tenho mantido a casa arejada e feito a limpeza diária do chão, o que tem realmente melhorado a qualidade de minha respiração. Claro que isso é bastante trabalhoso e requer tempo, mas podemos encontrar maneiras de facilitar a tarefa.

   Se limpar a casa é trabalhoso, a primeira coisa que penso em fazer para facilitar a tarefa é evitar que a sujeira entre, ou pelo menos diminuir essa entrada. Os povos orientais cultivam o hábito de não entrar em casa com os sapatos utilizados na rua, evitando trazer sujeira, vírus e bactérias da rua para dentro de casa. Esse me parece um exelente hábito a ser cultivado, mas que precisa de certa estrutura, principalmente quando você pensa em visitas.

   Eu estudei algumas medidas de higiene que estão sendo tomadas em consultórios e a que me pareceu de mais fácil adaptação em minha casa é o que se chama de propé: proteções que as visitas podem calçar sobre os sapatos que estiverem usando.  Já pensando em adquirir este produto, nada melhor que usar o artesanato para fazer uma caixa onde deixar esse material próximo a porta de entrada. Nesse caso, usei o que chamamos de artesanato sustentável, e minha caixa é um pote de sorvete com a tapa de lenços umedecidos.

   Essa é a primeira de uma série de medidas e ideias que acredito que serão necessárias no futuro. Ainda pretendo trabalhar algumas outras ideias e ir divulgando-as por aqui. Por isso o I do título.

Vou ficando por aqui, desejando que vocês tenham uma ótima semana.

Faxina

Bom dia, pessoal!

Devo confessar que sempre tive certo preconceito em relação a esta atividade, não por estar relacionada a trabalho braçal, mas por estar associada a um trabalho doméstico e, claramente para muitos ainda, obrigação da mulher.

Eu pertenço a uma geração feminina que associava o sucesso profissional à distância do trabalho doméstico e, em minha cabeça, fazer faxina significava a submissão ao papel que se esperava da mulher. O mundo mudou eu sei, mas cuidar da casa ainda sofre, se não preconceito, ao menos desvalorização.

Entretanto, a aposentadoria chegou e eu me vi mais tempo em casa, observando coisas que eu poderia organizar, coisas que podiam ser melhoradas e fui vendo o trabalho de casa sob outra perspectiva, e a necessidade de cuidar do meu canto foi crescendo.

Mais alguns meses, veio a pandemia e o isolamento social. A partir daí eu fiquei o tempo todo em casa e acrescentou-se a isso a necessidade de deixar a casa limpa e arejada, já que estamos tratando de uma doença respiratória.

Tudo isso fez com que a faxina passasse a ser um hábito diário, e eu passei a ver essa atividade não como uma obrigação desagradável, mas como um cuidado comigo e com minha família. Descobri que civilizações orientais consideram a faxina tão importante que merece ser descrita como um ritual de crescimento espiritual. Hoje, estou lendo o livro Manual de limpeza de um monge budista, de Matsumoto Shoukei. Os conceitos desenvolvidos neste livro mostram a raiz do pensamento minimalista e da profissão de personal organizer. Não se trata de fazer mecanicamente as tarefas ligadas à casa, mas de criar um relacionamento de respeito e alegria com as coisas, com as pessoas e com o ambiente.

Eu tenho usado este tempo de distanciamento para estudar essa parte fascinante do pensamento oriental e vejo, no dia a dia, que esses conceitos realmente fazem diferença e trazem bem-estar. Enfim, fazer faxina está sendo a descoberta de um novo modo de vida e eu estou adorando trilhar esse novo caminho.

É isso por hoje. Tenham todos uma ótima semana!

Planos para 2020?

Bom dia, pessoal.

Outro dia, estava revendo meus planos para o ano de 2020. Pois é, estamos na metade do ano e absolutamente nada do que foi planejado aconteceu.

Eu esperava um 2020 muito produtivo em termos de artesanato e o que realmente ocorreu foi a quase paralisação da produção. Queria também desenvolver em mim um consumo mais responsável e, na verdade, tirando comida, material de limpeza e livros eletrônicos, a verdade é que não estou consumindo nada. Falava também na importância de uma boa faxina para começar bem o ano e, na verdade, faxina se tornou um ritual de todas as manhãs. Resumindo, nada tem saído conforme planejado, o que não quer dizer que tem sido um ano desastroso.

Primeiramente, e o mais importante, eu e todos aqui em casa seguimos com saúde. Somente isso já é muito a agradecer. O artesanato, apesar de tudo, não foi deixado de lado. Apesar de eu ter diminuído muito a produção, consegui fazer algumas peças, mostradas na chamada dessa postagem, principalmente para minha casa. Essas peças vão ajudar na organização e na criação de novos hábitos de limpeza, tão necessários no mundo pós-pandemia.

Em relação ao consumo, o distanciamento social mostrou que eu era consumista, sim, apesar de dizer a mim mesma que não. Hoje, muito mais que no início do ano, estou realmente pronta para exercer um consumo consciente e moderado. Nesse aspecto, 2020 tem sido um ano de grandes aprendizados.

Em relação ao terceiro item, apesar de a faxina diária não ter sido exatamente um planejamento, ela criou uma conexão importante com minha casa. Essa conexão foi tão importante que farei uma próxima postagem exclusivamente sobre esse assunto.

De modo geral, portanto, este tem sido um ano diferente, fora de qualquer planejamento, com contato social baixíssimo. Na verdade, esse último item tem sido o fato mais difícil, apenas tolerável por saber que o isolamento é importante para que todos fiquem mais seguros.

Então, esse é o balanço de meio de ano. Vamos ver o que virá no segundo semestre. Tenham todos uma ótima semana.

Tesouros

   Bom dia, pessoal!
   Uma das coisas inesperadas trazidas pelo isolamento social para mim foi a redescoberta de tesouros esquecidos, coisas e pessoas de que eu gostava muito, mas que fui deixando de lado ao longo do tempo.
   Entre as pessoas, redescobri um cantor que sempre me agradou e emocionou demais: Oswaldo Montenegro. De repente percebi que há anos não o ouvia e revisitei, primeiro todos os cds que tenho, e depois suas mídias sociais, que estão bem movimentadas nesse isolamento.
   Entre as coisas, destaco a volta da prática de yoga. Ultimamente, eu vinha praticando pilates, mas, simplesmente, fazer exercícios físicos em casa não estava sendo satisfatório e começaram a aparecer as desculpas para não os realizar. Com o yoga, o físico e o mental andam lado a lado e fico muito contente quando está chegando a hora da prática.
   Eu chamos de tesouros todas as coisas que estou reencontrando porque, se elas estão sendo resgatadas é porque foram importantes para mim e estavam apenas “adormecidas”.
   Com o isolamento, passo mais tempo comigo mesma e posso voltar a ter contato com coisas importantes que a vida acelerada que levava foi deixando para trás. Isso é incrivelmente bom e farei o possível para que seja duradouro.
   Claro que quero que esse isolamento termine o quanto antes, mas é bom passar por estas redescobertas para dar valor ao que realmente é importante para mim.
   Então, é isso. Tenham todos uma ótima semana!

Tudo o que nunca contei

   Bom dia, pessoal!

   O isolamento social me está possibilitando ler mais. Se não é possível sair às ruas ou viajar, a literatura fornece novos e variados mundos nos quais ainda se pode mergulhar. O livro que indico hoje é o segundo título de Celeste Ng que eu li, mas foi o primeiro que ela lançou. Após sua leitura, já posso afirmar que ela entrou no rol de meus autores favoritos. Gosto muito de sua forma original de abordar os temas escolhidos.

   Em “Tudo o que nunca contei”, observamos que, muitas vezes, calamos para evitar o que achamos que será uma situação de perda. Para evitar spoilers, vou chamar de A a personagem que dá origem ao título.

   Em determinado momento, A interpreta a situação que está vivendo de tal maneira, que imagina que somente agindo de certa forma poderá manter as pessoas felizes e unidas. Essa forma de agir, porém, acaba trazendo expectativas que ela não consegue cumprir, porque aquilo não é o que ela gostaria para sua vida. No desenrolar da estória, o estresse de fingir ser o que não é vai cobrando um preço muito alto até que a pressão se torna insuportável.

   O livro prende a atenção do leitor não pelo suspense de saber o que vai acontecer, mas pela necessidade de saber o porquê de ter acontecido. Poderia-se dizer que A não tem maturidade para tomar as decisões que tomou, mas quantos de nós já se viu em situação semelhante? Quantas vezes agimos com base em nossa interpretação da realidade? Pior ainda, quantas vezes cobramos de outros a conta pelos sacrifícios que fizemos, mas que nunca foram pedidos?

   Outro ponto trabalhado na estória é a tensão criada por relacionamentos multiraciais. De novo aqui, muitas coisas são caladas e muitas cobranças vão se acumulando para serem verbalizadas em momentos de estresse e angústia.

   Todos esses pontos são tratados pela autora de uma forma bem articulada e da qual eu gostei bastante. Como disse, Celeste Ng já entrou na minha lista de preferências e aguardo o lançamento de novos títulos. Fica a dica de leitura de hoje. Espero que tenham todos uma ótima semana!

Vida acelerada

Bom dia, pessoal!

   O passado nem sempre é tão distante. Pode-se contar em meses o tempo em que reclamávamos que a vida estava muito corrida e não tínhamos tempo para nada. Tudo o que queríamos era ter mais tempo para nós, para nossos interesses, famílias e casas. Se você não está trabalhando em casa (inventaram o termo home office para fazer disso uma coisa mais chique!), você conseguiu o que queria: tempo.

   De repente, a vida desacelerou rapidamente e precisamos descobrir o que fazer com o tempo que nos sobra. A transição foi muito rápida, sem tempo de adaptação ou de planejamento. A realidade mudou e as pessoas precisam adaptar-se. É irreal pensar que ficar isolado é manter-se sentado no sofá lendo uma revista ou assistindo a TV. Não sabemos por quanto tempo esse isolamento será necessário e a imobilidade pode ser muito prejudicial, tanto física como mentalmente.

   Junto a todas as mudanças causadas pela restrição de movimentação, ainda temos que lidar com o medo de um inimigo invisível, cuja aproximação não percebemos e, por isso, temos que manter a guarda sempre alta. É muita coisa para administrar e, definitivamente, não fomos treinados para isso.

   Meu mundo, no momento, é minha casa. Se eu preciso viver aqui, então é melhor que eu faça com que esse local me proporcione bem-estar. Todas as minhas atividades, ou a maioria delas, se voltam literalmente para o aconchego do lar. Mudar a disposição de móveis, criar espaços que me facilitem a limpeza de compras, organizar armários para evitar desperdício e até para ver o que pode ser doado etc. Há muito o que fazer em casa. Então, como eu posso dizer que a vida desacelerou?

   A desaceleração não é causada pela diminuição de coisas a fazer, mas pela possibilidade de dar mais atenção a cada uma dessas coisas, pela possibilidade de fazer tudo sem tanta pressa. E isso porque, de outro lado, ganhamos tempo por não ter horários rígidos, por não enfrentar horas de engarrafamentos e por poder determinar nossos horários, tarefas e formas de fazê-las. Isso quer dizer que o mundo ficou maravilhoso? Claro que não. O preço pago por esse tempo é alto demais (amigos isolados, consultas médicas adiadas, exames de rotina ou por solicitação médica cancelados etc.), mas isso quer dizer que podemos e devemos levar algumas experiências para o pós-isolamento

   Sempre digo e sempre repito: passar por essa crise e não tirar lições é totalmente inútil. Então, vamos aprender o que o isolamento tem de bom a ensinar e vamos levar isso para nossa vida normal. Tenha uma ótima semana!

Novos hábitos

Bom dia, pessoal!

   Há alguns dias, eu li um comentário sobre a mudança de hábitos causada pela pandemia de COVID-19 e comecei a pensar na mudança de hábitos pós-pandemia.

   Eu não sou médica, mas imagino que os próximos anos exigirão muita vigilância tanto da parte das autoridades quanto da parte de todos nós. Vírus sofrem mutações, que exigem novas vacinas. Por conta das mutações, esse coronavirus pode ficar entre nós por muito tempo ainda.

   Então, as medidas de segurança que tomamos hoje não devem ser vistas como um remédio emergencial do qual nos livreremos em breve. O isolamento social, sim, espero que acabe logo e nunca mais seja necessário, mas procedimentos como evitar aglomerações, não compartilhar talheres ou toalhas, lavar as mãos constantemente, manter a casa arejada, higienizar compras etc. serão ainda necessárias no futuro.

   Até hoje, ter dois milhões de pessoas em um bloco de Carnaval era motivo de certo orgulho. De agora em diante, será um risco epidemiológico. Em retrospecto, o Carnaval de 2020 não deveria ter acontecido. Certamente o vírus já estava por aqui e o período de Carnaval deve ter ajudado muito sua disseminação. Dá para imaginar, porém, o que teria acontecido se esse Carnaval tivesse sido cancelado?

   Agora, porém, que estamos passando por essa epidemia, acredito que todos que decidam participar de um megabloco ou de outros eventos que gerem grandes aglomerações estejam inteiramente cientes dos riscos que correrão, principalmente nos próximos anos.

   Quanto a outras aglomerações, imagino, por exemplo, que praças de alimentação superlotadas também serão repensadas. Seria sonhar muito, porém, dizer que a superlotação do transporte público finalmente será resolvida.

   Os exemplos acima mostram a dificuldade, no mundo de hoje, de acabar com as aglomerações. Muito mais rápido, então, será cultivar hábitos individuais de limpeza e higiene pessoais que nos ajudem a evitar novas epidemias ou mesmo doenças e alergias.

    Tenho observado que a rotina de limpar o chão todos os dias e manter a casa bem arejada melhorou bastante a qualidade da minha respiração. Quero ainda estabelecer a rotina de não entrar em casa com o calçado que usei na rua. Hoje, isso é fácil porque estou saindo muito raramente, mas transformar isso em uma rotina vai exigir o desenvolvimento de uma logística. Vai dar trabalho, mas acredito que é muito necessário. E você? Alguma sugestão de hábito a ser criado ou alterado?

   Então é isso. Tenham todos uma ótima semana!

Essencial & Supérfluo

   Bom dia, pessoal!
   Esses tempos de isolamento social podem trazer respostas a uma questão que nem sempre conseguimos responder: O que realmente é importante em nossa vida?
   Se, ao nos isolarmos, perdemos contato com alguém ou com alguma coisa cuja ausência nos está sendo insuportável, então sabemos que aquela pessoa ou aquela coisa é realmente essencial. Entretanto, o contrário também pode acontecer. Você pode perceber que não sentiu falta de alguém ou de alguma coisa. Isso, então, é supérfluo para você.
   No meu caso, ao iniciar o isolamento social, decidi parar com a decupagem para não acumular produtos em casa, já que não tenho como entregá-los. Entretanto, descobri que não podia ficar sem essa atividade e voltei a praticá-la, mesmo que em ritmo bem lentor. A decupagem em madeira é, portanto, essencial para mim e, felizmente, tenho material suficiente em casa para praticá-la por algum tempo.
   O convívio com os amigos, por outro lado, é algo que, no momento, não posso praticar e que está me fazendo muita falta. Esse convívio também é essencial, mas terei que ter paciência e aguardar o momento de resgatá-lo. Até lá, a tecnologia ajuda a matar as saudades.
   Percebi que muitas outras coisas, no entanto, não são essenciais e não têm a importância que eu dava a elas. São pessoas, eventos, atividades etc. que eu não tenho agora, mas cuja ausência não me deixa especialmente triste.
   Esse questionamento pode, assim, ser usado como um exercício de auto-conhecimento e um parâmetro para nossa vida pós-COVID19. Temos que valorizar e cuidar do que nos é essencial e não nos importar tanto com o que se mostrou supérfluo em nossa vida.
   Claro que aqui não há certo ou errado. Cada um vai descobrir o que é importante para si. Basta responder a essa pergunta com sinceridade: O que te fez muita falta nesse período de isolamento? Deixe que a resposta seja um norte para te guiar daqui para frente e vamos todos transformar essa crise em uma ferramenta de crescimento
   Então é isso. Tenham todos uma ótima semana.

Frankenstein

   Bom dia, pessoal.

   Hoje é dia de literatura. Faço parte de um clube do livro e nossa leitura atual é Frankenstein, de Mary Shelley. Esse livro, lançado em 1818, tem uma história riquíssima que fica escondida atrás de várias versóes de filmes que a retrataram como uma história de terror. Tudo, provavelmente, pelo estereótipo da criatura, que é a personagem principal.

   Digo criatura, porque Frankenstein é o nome do criador, e não da criatura deformada a quem ele deu vida. Em nenhum momento, essa criatura recebe um nome. Ela não tem identidade porque não é reconhecida com um ser inteligente e senciente, nem mesmo por seu próprio criador. Este último não suportou olhar para sua criação e o abandona imediatamente após sua “experiência” ter sucesso. A criatura de aspecto repugnante, força sobrehumana e ignorante de regras sociais fica, portanto, abandonada à própria sorte.

   Apesar de seu abandono, a criatura parece, no princípio de sua vida, ter bons sentimentos e muita vontade de aprender e de se juntar à comunidade humana. No desenvolvimento da história, nas palavras da própria criatura, percebemos o processo que a leva ao ressentimento, à amargura e à revolta contra a humanidade de forma geral e a seu criador de forma específica.

   O livro suscita discussóes filosóficas como os esterótipos (o que é diferente é mau e deve ser destruído), a responsabilidade pessoal (Frankenstein abandona aquele por quem é responsável), a responsabilidade pelos frutos da ciência (Frankensteins cria uma vida sem nenhum controle ou supervisão) etc. É uma história muito mal aproveitada pelo cinema e, mesmo isso, pode ser debatido. A meu ver, esse livro é uma obra de ficção científica, nunca de terror. Enfim, recomendo sua leitura sem nenhum tipo de ideia pré-concebida.

   Aguardo ansiosamente pelo encontro (virtual) do clube do livro, que discutirá esse livro. Ele mostra que, muitas vezes nos deixamos levar por aparências e preconceitos e, com isso, perdemos oportunidades e tesouros.

   Tenham todos uma ótima semana!