Bom dia pessoal!

Termino este trabalho de leitura de Odisseia com alguns comentários. Se você não leu as oito partes anteriores que fizeram parte deste estudo, é interessante ler a parte1, a parte2 , a parte 3, a parte4, a parte5, a parte6, a parte7 e a parte8 antes de continuar a ler esta postagem.

A Odisseia, de Homero, definitivamente, não é uma obra humanista ou sequer ética. As virtudes e defeitos dos seres humanos são apenas o reflexo do favor ou não dos deuses gregos. Mesmo a tão afamada astúcia de Ulisses, na maioria das vezes, é apenas o cumprimento das instruções dos deuses, principalmente de Atena e Circe.

O final da história representa muito bem a influência desses deuses na vida dos mortais. Após promover o massacre dos pretendentes, Ulisses reconhece que está sujeito a ser castigado pelas leis dos mortais. Entretanto, os deuses mostram que sua vontade é superior a qualquer tipo de lei e, o fato de serem prontamente atendidos reforça essa posição.

Outra coisa que chama a atenção é o papel feminino na sociedade. As deusas parecem ter uma posição de igualdade entre os imortais, mas as mulheres mortais são tratadas ora como objetos, ora como mercadoria. Tanto Helena como Penélope são incapazes de uma postura independente. O papel social de Penélope mostra toda sua irrelevância na forma como o próprio filho, Telêmaco, já entrando na fase adulta, lhe fala. Fica claro desde o princípio que a grande preocupação de Telêmaco é o fato de seus bens estarem sendo consumidos e não o de que sua mãe esteja sendo desrespeitada.

Também é curioso que seja na Odisseia, e não na Ilíada, que pormenores da Guerra de Troia sejam contados. O trecho em que, no Hades, a alma de Agamenon está contando a Aquiles como havia sido o funeral deste, quando chegam as almas dos pretendentes, parece deslocado na obra, como se houvesse sido acrescentado mais tarde no “texto”. Coloquei esse último termo entre aspas porque é sempre bom lembrar que este poema foi criado como uma obra oral e só muito tempo depois foi registrado na escrita.

Por fim, destaco como o destino tem papel importante nesta obra. Tudo o que acontece já era, de certa forma, conhecido por alguém. O ciclope Polifemo sabia que seria cegado por alguém chamado Ulisses. O rei Alcino sabia que a nau que transportou Ulisses para Ítaca seria destruída em seu retorno. Como essas, vária passagens da história mostram o destino visto como uma coisa já determinada e sobre a qual o ser humano não tem ingerência.

Enfim, é um clássico e sua longevidade mostra que ele atravessou diferentes fases literárias e de pensamento da humanidade e continua firme e forte. Para fazer este trabalho, utilizei a versão em prosa da editora Nova Cultural, com a tradução de Antonio Pinto de Carvalho. Está em meus planos ler tanto a Ilíada como a Odisseia em verso, mas isso vai fiar para o futuro.

Uma ótima semana a todos!

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