Bom dia pessoal!

Vou, finalmente, fechar a leitura de Odisseia, de Homero. Se você não leu as sete primeiras partes deste estudo, é interessante ler a parte1, a parte2 , a parte 3, a parte4, a parte5, a parte6 e a parte7 antes de continuar a ler esta postagem.

Chegamos ao ponto de convergência da história e os personagens passam a estar na mesma linha temporal. Ulisses está em Ítaca, para onde foi transportado pelos Féaces. Telêmaco ainda se encontra no palácio de Menelau e os pretendentes e Penélope estão em Ítaca, no palácio de Ulisses. A partir daqui, faltam onze rapsódias para terminar a história, mas há uma mudança perceptível no ritmo como essa história é contada, como se ela tivesse sido escrita por outra pessoa. Então, vamos lá …

Uma vez tendo chegado incógnito à Ítaca, Ulisses é recebido por Atenas, que o disfarça, fazendo-o assumir a aparência de um velho e esfarrapado mendigo. Assim disfarçado, Atenas o envia à casa do porqueiro, por esse ser um servo fiel. A ideia é que Ulisses colete informações e aguarde lá enquanto Atenas vai buscar Telêmaco no palácio de Menelau.

Eumeu, o porqueiro, não reconhece Ulisses, mas, apesar de sua aparência, o recebe com as honras devidas a um hóspede. Atenas avisa Telêmaco sobre a emboscada preparada pelos pretendentes e o envia para casa, dizendo-lhe que, antes de mais nada, vá à cabana de Eumeu. Assim que se encontram, Ulisses identifica-se a Telêmaco (este era um bebê quando Ulisses foi para Troia) e, juntos, eles planejam destruir os pretendentes.

Ulisses vai para seu palácio e é reconhecido apenas por seu velho cão, Argos, que morre imediatamente depois. No palácio, devido a sua aparência, Ulisses é humilhado pelos pretendentes e por algumas servas que mostram não ser fiéis a seus amos. Entretanto, Penélope o trata com respeito e ordena a uma velha serva que lave os pés do estrangeiro. Essa serva, Euricléia, reconhece Ulisses por causa de uma cicatriz antiga. porém ela a faz jurar que não contará nada a Penélope.

Enquanto isso, Penélope resolve dar fim à situação do assédio dos pretendentes através da criação de um concurso de arco, ao fim do qual, ela promete se casar com o vencedor.

[…] estou na intenção de propor um certame. o certame dos machados, que Ulisses, em seu palácio, alinhava, em número de doze, como se fossem estais de uma nau; depois, a boa distância, enviava uma seta através deles. Quero agora impor este certame aos pretendentes: aquele que em suas mãos retesar mais facilmente o arco, e cuja flecha atravessar os doze machados, a este seguirei, abandonando este lar da minha juventude, tão belo, tão abastado, que julgo, nunca hei de esquecer, nem sequer em sonhos.

Claro que é Ulisses, ainda transfigurado em mendigo, o único que consegue cumprir a prova e, em seguida, com a ajuda de Telêmaco e de dois servos fiéis, ocorre uma verdadeira carnificina no salão do palácio e todos os pretendentes são mortos, assim como doze servas infiéis.

No meio de todo esse banho de sangue, Penélope estava dormindo em seu quarto (sono esse providenciado por Atenas) e, terminada a luta, Ulisses, já com seu aspecto normal, se reencontra com Penélope. Tudo resolvido, Ulisses diz a Telêmaco que eles precisam pensar na forma com que justificarão ao povo de Ítaca a morte de tantos homens.

Quanto a nós, estudemos a melhor maneira de tudo servir bom efeito. Se alguém, nesta terra, matou um homem, um só, sem ninguém que lhe vingue a morte. o criminoso exila-se e abandona os parentes e a terra pátria. Ora, nós derrubamos os baluartes da cidade, os jovens as mais ilustres famílias. Aconselho-te a que penses na situação que criamos.

Eles deixam os mortos para serem recolhidos por suas famílias e vão para a casa de Laertes, onde Ulisses reencontrará o pai. Aqui, começa, então, a última rapsódia (XXIV) na qual as almas dos pretendentes chegam ao Hades, enquanto o povo delibera sobre a punição de Ulisses e segue para a casa de Laertes para confrontá-lo.

Entretanto, o que poderia gerar uma série de novas rapsódias é rapidamente resolvido pela intervenção dos deuses, terminando a história.

Zeus, o amontoador de nuvens, lhe disse em resposta: “Minha filha, por que essas perguntas e interrogações? Não decidiste acaso tu mesma que Ulisses regressaria a Ítaca e puniria seus inimigos? Procede como quiseres; mas vou declarar-te o que penso. Uma vez que o nobre Ulisses se vingou dos pretendentes, por que é que os dois partidos não se obrigarão por solene juramento, a que ele continue reinando? Façamos que, em suas almas, esqueçam o morticínio dos filhos e dos irmãos, de sorte que a amizade renasça entre os cidadãos e de novo floresça a riqueza e a paz”.

[…]

“Ponde fim, habitantes de Ítaca, a esta cruel guerra. Basta de derramar sangue. Separai-vos imediatamente”.

Assim falou Atena, e todos ficaram lívidos de medo. Apavorados com o retumbante grito da deusa, largaram as armas, que caíram no solo e fugiram para a cidade, movidos apenas pelo desejo de viver.

Chegamos ao fim da Odisseia e farei uma última postagem com comentários gerais sobre a obra. Uma ótima semana para todos.

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