Bom dia, pessoal.

Assistindo ao filme Dois Papas, de Fernando Meirelles, fiquei pensando no poder do diálogo. Como o próprio nome diz, um diálogo necessita de duas partes que tenham vontade não só de falar, mas também de ouvir.

Os fatos conhecidos desta história são a existência de um Papa (Bento XVI) que abdica, o que não acontecia desde 1415, e a existência de um Cardeal Argentino (Jorge Bergoglio) que pregava uma Igreja mais simples e mais próxima das pessoas. É fato também que Bento XVI é uma pessoa conservadora e não muito popular.

Os diálogos do filme são produto da imaginação do roteirista, mas, ainda que as palavras sejam fictícias. de alguma forma essas duas pessoas completamente diferentes realmente conseguiram dialogar e trabalhar juntas. Infelizmente, isso não é uma coisa comum e é interessante refletir em como aquele diálogo foi possível.

Fico pensando se a resposta não está no objetivo comum. Por mais diferentes que sejam, esses dois homens queriam a sobrevivência da Igreja e não a manutenção do poder. Nesse sentido, o passo mais difícil em direção ao diálogo parece ser o de Bento XVI, já que ele tinha o poder e foi capaz de abrir mão deste poder em nome de um objetivo maior.

Não sei se um dia saberemos o que realmente aconteceu, mas, se minha interpretação está correta, isso explica porque esse tipo de entendimento e de cooperação é tão raro. A manutenção do poder pessoal é normalmente colocada acima dos objetivos. Assim, um prefeito é eleito para cuidar de uma cidade, mas a manutenção do poder o fará priorizar suas próprias necessidades. Da mesma forma, uma pessoa é designada para liderar uma equipe, mas ela tratará primeiro de manter sua posição. O resultado destes exemplos é que o objetivo inicial ficará sempre em último plano e dificilmente será alcançado.

O diálogo dentro de qualquer tipo de hierarquia parece ser visto como uma potencial ameaça, uma tentativa de “puxar o tapete”, e nunca será sincero ou proveitoso se cada frase tiver que ser medida e pensada para que as partes não se comprometam.

Por isso, eu gostei do filme. É bom saber que o ser humano, por difícil que seja, é capaz de dialogar. Há algumas cenas engraçadas e outras que nos relembram um passado difícil da História, mas não vou comentá-las para não gerar spoilers.

De qualquer forma, quando vocês virem ou revirem esse filme, pensem na capacidade de dialogar como fator necessário de mudança e de crescimento. Tenham todos uma ótima semana!

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