Bom dia, pessoal!
O título pode dar a entender, entretanto esta postagem não é sobre artesanato, mas sobre um pensamento que me ocorreu durante a semana.
É engraçado pensar na ambiguidade que temos ao pensar na palavra “antigo”. É comum ouvir comentários que asseguram que os valores antigos são sempre melhores que os de hoje. A amizade de antigamente era mais sincera; A honestidade antigamente era mais valorizada; A educação das pessoas antigamente era maior. Tudo antigamente era melhor que hoje.
Para compensar, existem tantos outros comentários que asseguram que os produtos antigos, com exceção de sua durabilidade, são sempre piores que os de hoje. Os carros antigos são mais lentos; As geladeiras antigas não são eficientes como as de hoje; os telefones antigos, então, falar o quê?
A pergunta que me ocorreu foi: se é verdade que os valores antigos eram melhores que os atuais, apesar de existirem no tempo em que os produtos eram piores, isso não é um sinal claro de que o materialismo adotado pela sociedade falhou em propiciar uma vida mais feliz ou, pelo menos, mais ética?
Ao contrário de antigamente, hoje não consertamos mais nada. Se a geladeira deu defeito, troca! Se a TV parou de funcionar, compra outra! Se o celular ficou lento (não precisa nem dar defeito), substitua-o! Todas as coisas são substituíveis, compráveis e negociáveis.
O problema, me parece, é que as características de produtos passaram a ser aplicadas também aos valores. Além da “coisificação” dos valores, a economia moderna também passou a determinar o que deve ser valorizados e, pior, provocou a confusão e mistura entre os conceitos de “valor” e “produto”. A posse de um produto, cuja conquista é uma medida de sucesso ou felicidade, passou a ser um valor.
Todo esse materialismo e todo esse consumismo abafaram os valores de antigamente até que, por fim, se tornaram o objetivo maior do ser humano. Queremos ter, muito mais do que ser. Isso, acredito, está criando uma sociedade doente, onde a posse de objetos passou a ser o objetivo máximo a ser conquistado mesmo que por meios violentos e antiéticos.
O futuro dirá se a gangorra da história vai nos levar de volta aos valores de antigamente, quando a posse de um objeto era tão somente resultado da vida econômica de uma pessoa e o conceito de sonho de consumo ainda não movia as pessoas.
Como disse, apesar do título, a postagem de hoje não tratou de artesanato e, sim, de algo que me ocorreu durante a semana. E por falar em semana, tenham todos uma ótima semana!