Bom dia, pessoal!

Eu gosto muito de um escritor argentino chamado Julio Cortázar. Ele morreu de AIDS em 1984, uma época em que os médicos ainda não haviam identificado o vírus HIV. Cortázar teve uma hemorragia gástrica e precisou de transfusão de sangue. Como o vírus ainda não era conhecido, o sangue não era testado e ele acabou sendo infectado e contraindo a doença.

A obra de Cortázar é muito interessante e eu gosto, particularmente, dos contos sobre Cronópios, Famas e Esperanças. Essas são classificações nas quais Cortázar divide as pessoas, baseando-se em determinadas características.

Os cronópios são pessoas sonhadoras, sempre otimistas e que não levam a vida muito a sério. Os famas, ao contrário, são pessoas organizadas, sempre preocupadas com alguma coisa. Os esperanças são aqueles que, como indica o nome, esperam, que nunca correm atrás de nada.

Se eu tiver que me definir segundo essa classificação, eu tenho que me reconhecer como fama, mas ao longo dos anos e através, principalmente, do artesanato, estou tentando desenvolver algumas das características dos cronópios.

A primeira vez que li sobre os cronópios, eu os achei quase irresponsáveis, mas hoje, eu entendo que parte dessa “irresponsabilidade” é só o reconhecimento de que o mundo não vai se curvar a nossa vontade e de que temos que viver nele e com ele.

Como disse antes, eu me reconheço como fama, mas não acredito em estereótipos e radicalismos. Acredito que podemos nos construir e modificar ao longo do tempo, buscar coisas diferentes. Nesse sentido, o fato de considerar-me fama não impede que eu reconheça qualidades interessantes nos cronópios, como o otimismo e a criatividade, e que eu deseje trazer algumas dessas qualidades para minha vida.

Em relação aos esperanças, apesar de reconhecer que eles podem ser felizes a seu jeito, suas características não me atraem e não pretendo desenvolvê-las em mim . Enfim, eu gosto muito dessa parte da obra de Cortázar e acho que a literatura, de modo geral, tem esse grande poder de nos fazer ultrapassar suas fronteiras e usar argumentos de uma obra de ficção para refletir sobre nossa vida. Claro que eu sei que os cronópios são fictícios e eu não vou encontrar um andando por aí para fazer perguntas. Até porque eles são verdes e eu ia achar que estava encontrando um habitante de Órion !!

Ok, essa última frase só será entendida por um trekker, mas o desejo de uma ótima semana é para todos!

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