Bom dia, pessoal.
Sem entrar em debates ou controvérsias, o fato histórico é que a Igreja Católica estabeleceu, nos concílios de Latrão (1123 e 1139), que os clérigos não poderiam casar ou mesmo se relacionar com concubinas.
Naqueles tempos, porém, não havia telégrafo, muito menos Internet. Se houvesse patrulhas ideológicas ou vigilantes do politicamente correto, esses grupos não teriam poder de organização e nem agilidade para interferir em qualquer situação. Além disso, assim como hoje no Brasil, havia leis que não pegavam e outras que eram interpretadas segundo a conveniência e o poder das pessoas envolvidas.
Com esse pano de fundo, está sendo muito interessante ler uma ficção histórica em torno do papado de Alexandre VI, espanhol cujo nome era Rodrigo Bórgia. Além do poder do Papa Alexandre VI, a Itália também se via às voltas com seus filhos, com destaque para César e Lucrécia Bórgia. Aliás, segundo tese que não sei se é consensual, César Bórgia foi o modelo em que Maquiavel se inspirou para escrever O Príncipe, considerada sua obra mais importante.
Alexandre VI “reinou” em um período movimentado da história (final do século XV). A América foi descoberta, o Atlântico foi formalmente dividido entre Portugal e Espanha, casamentos eram arranjados e desfeitos de acordo com o interesse de Estado etc. Várias dessas coisas dependiam da licença de Bulas do Papa, o que gerava uma corrupção enorme e fazia do Papa um Príncipe, que possuía grande poder político.
São esses exemplos que sempre me mostram que os problemas de conduta ética não se restringem a um local ou mesmo a um povo, mas dependem tão somente de um conjunto de circunstâncias e de oportunidades. Não tem nada mais democrático e igualitário que a História!
Tenham todos uma ótima semana!.