Bom dia, pessoal!
No final da década de 1970, quando eu fazia o ginásio, tive uma professora de Matemática que, desde o primeiro dia de aula, nos informava que tinha uma regra da qual não abria mão. O aluno que escrevesse o resultado de um problema, ainda que certo, sem mostrar o desenvolvimento do cálculo, perdia todos os pontos da questão. Regra simples, regra conhecida e regra aplicada.
Hoje em dia, essa professora, provavelmente, seria processada por responsáveis que têm a tarefa de zelar pelo desenvolvimento das crianças. Como assim? Meu filho acertou o resultado e tirou zero? Que absurdo!
Além de processada, provavelmente ela seria advertida pela direção ou talvez até perdesse seu emprego. Eu acho que este quadro imaginado é bastante plausível e retrata muito bem o mundo de hoje. O mais preocupante ainda é pensar que são pessoas adultas e responsáveis os que, hoje, são os primeiros a achar absurdo o cumprimento de uma regra escolar conhecida e que visa ao desenvolvimento da criança! Sim, porque essa regra era muito mais justa do que se poderia pensar hoje. Em um problema de matemática, você pode pensar corretamente e apenas errar um cálculo. Desta forma, ela dava um peso especial ao raciocínio, o que me parece muito justo.
Mas, se naquela época, essa professora era valorizada, hoje, não tenho dúvida de que ela seria punida pela conduta, o que mostra que o mundo em que vivemos não nasceu pronto, mas é fruto de um desenvolvimento e todos nós somos agentes deste desenvolvimento, e não apenas suas vítimas.
Claro que, se essa professora ainda estivesse dando aula hoje, ela provavelmente teria adaptado seus métodos para sobreviver na profissão, afinal, essa é a realidade em que temos que viver. Os problemas existem e são muitos, mas as respostas só podem ser encontradas por quem está aqui. O que acredito ser irônico é que os problemas da educação vão acabar saindo da esfera escolar e voltando para a esfera do lar. Um professor, hoje, por mais que queira mudar o mundo, precisa evitar ser processado por centenas de responsáveis. Desta forma, somente um responsável terá autonomia para educar, o que é totalmente diferente de instruir, uma criança sob seus cuidados, e esta criança, obrigatoriamente, será uma exceção na sua turma. Todos que dizem lamentar o atual sistema de ensino, terão que assumir o protagonismo da educação de seus filhos, porque os professores estão de mãos e pés atados. Ou seja, aos poucos, a gangorra da educação volta à posição anterior.
Tenham todos uma excelente semana!