Bom dia, pessoal.

Sei que serei bem simplista, mas eu diria que a grande maioria dos hábitos que adquirimos nascem para melhorar nossa saúde, seja ela física ou mental. Escovar os dentes, por exemplo, é um hábito que tem a ver com nossa saúde física, enquanto assistir a jogos de futebol na TV ajuda a saúde mental de quem gosta desse esporte. Um hábito tem, assim,  a função de fazer bem para a pessoa que o pratica. Sou capaz de apostar que ninguém tem o hábito de chutar a parede ou assistir assiduamente aos jogos de um esporte do qual não gosta.

Pode haver um momento, porém, em que o hábito perde sua função original. De repente a ciência descobriu que escovar os dentes é ruim ou você descobriu coisas mais interessantes e não liga mais para o futebol. Nestes exemplos, os hábitos que até então eram bons para você passam a não fazer mais sentido. A situação estaria resolvida com uma simples mudança de hábito, substituindo-o por outro que seja mais coerente com o que gostamos ou com o que nos faz bem. Entretanto, muitas vezes, nos descobrimos incapazes de modificar nossos hábitos e, nesse instante, eles se transformam em vícios.

Uma pessoa só depende de si mesma para mudar um hábito; ela está no controle. Por outro lado, mudar ou acabar com um vício é bem mais difícil e, geralmente, requer a ajuda de outras pessoas. De novo, sei que estou simplificando muito a situação, mas em tese, acredito que todo vício começou como um hábito sobre o qual perdemos o controle. Talvez aí esteja a armadilha do  “paro quando eu quiser”: quando a pessoa acredita que aquilo é apenas um hábito e que tem total controle sobre ele.

Toda essa linha de pensamento surgiu enquanto eu assistia ao noticiário que falava sobre jogador de futebol detido em cassino, polícia interrompendo festas que hoje são ilegais e outras notícias do gênero. Comecei a pensar se a necessidade de as pessoas não apenas terem momentos de felicidade, mas de fazerem com que esses momentos sejam o mais públicos possíveis, não se tornou um vício que, mesmo sabendo que põe em perigo a saúde de todos, se tornou incontrolável. Começo a achar que dizer que a sociedade está doente não é apenas uma figura de linguagem, mas a mais absoluta e triste verdade. 

Ninguém tem dúvida de que o lazer é um hábito importante para manter a saúde das pessoas. Entretanto, acho que essas aglomerações não são apenas momentos de lazer, mas a necessidade que muitas pessoas têm de mostrarem-se felizes, ainda que não sejam. É bem parecido com o que acontece no mundo virtual, onde as pessoas se mostram sempre felizes, como se a vida não tivesse um outro lado. Por isso, hoje, eu acho que tem muito de vício na formação de muitas destas aglomerações, o que, infelizmente, torna a aplicação da lei muito mais difícil.

Tenham todos uma ótima semana.

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