Bom dia pessoal!

Vou continuar hoje com minha leitura do livro Odisseia, de Homero. Se você não leu as cinco primeiras partes deste estudo, é interessante ler a parte1, a parte2 , a parte 3, a parte4 e a parte5 antes de continuar a ler esta postagem.

Como dito na última postagem, vou fazer um breve comentário sobre os episódios que considero os mais interessantes da Odisseia.

Terra dos Lotófagos – Apesar de não ser um episódio longo ou extremamente importante, eu o escolhi porque esse é um dos poucos momentos em que a ação de Ulisses não acontece por obediência ou desobediência aos deuses. Tendo chegado a essa terra após tempestades e ventos fortes, Ulisses envia alguns homens para descobrirem em que terra tinham parado. Os Lotófagos (comedores de Lótos) não matam esses homens, mas lhes oferecem uma droga e eles resolvem ficar por ali mesmo. Ulisses percebe o que está acontecendo, resgata seus homens e consegue salvar toda a frota.

Ilha dos Ciclopes – Se no episódio anterior Ulisses mostrou coragem e sabedoria, neste ele vai mostrar imprudência e vaidade. Após entrar na caverna de Polifemo e acabar preso ali com alguns de seus homens, Ulisses descobre que o ciclope não vai recebê-lo como hóspede, mas como refeição. O grego, usando de astúcia, consegue cegar Polifemo e fugir com os homens que lhe restaram para a segurança de seu navio. Entretanto, mesmo cego, Polifemo sai enlouquecido de sua caverna atrás de vingança. Ele não pode ver Ulisses e tudo poderia terminar neste ponto, mas a vaidade humana fala mais alto e Ulisses, de dentro do navio, atrai a atenção do ciclope.

Quando ainda estava a distância de poder fazer-me ouvir, lancei ao Ciclope estas palavras escarninhas: “Ciclope, não era poltrão o homem, cujos companheiros devias devorar em teu côncavo antro, abusando para isso de tua força! Inexoráveis represálias te aguardariam, a ti, cruel, que não trepidavas em comer hóspedes em tua própria casa. Por isso, Zeus e os demais deuses se vingaram!”.

A voz de Ulisses dá a Polifemo uma ideia de onde ele está e, nesta direção, o ciclope atira uma rocha e quase afunda o barco. Até então, Polifemo tem raiva, mas não sabe a quem direcionar essa raiva. De novo, Ulisses vai dar-lhe a informação necessária.

De novo, instigado pelo rancor, lhe gritei: “Ciclope, se algum dos mortais um dia te perguntar a causa de tua vergonhosa cegueira, dize-lhe que foi Ulisses, o saqueador de cidades, filho de Laertes, que tem sua casa em Ítaca”.

Com as informações obtidas, o que resta a Polifemo é pedir que Poseidon, seu pai, o vingue, e é por esta razão que a viagem de retorno , ao invés de poucas semanas, dura dez anos.

“Escuta-me, Poseidon portador da terra, deus de cabeleira anilada. Se verdadeiramente sou teu filho e te orgulhas de ser meu pai, concede-me que nunca regresse a seu torrão natal este Ulisses, saqueador das cidades, filho de Laertes, que habita em Ítaca. Mas, se o destino quer que ele reveja os entes queridos e volte a seu palácio de elevado teto e à terra pátria, faze que isso aconteça ao fim de longo tempo, e depois de ter sofrido variadas provações e perdido todos os companheiros; que chegue em navio estranho e encontre aflições em sua casa!”.

Ilha de Circe – Antes de chegar a Eéia, a ilha da deusa Circe, Ulisses já terá perdido as onze naus que o acompanhavam, só restando sua própria nau e tripulação. Ulisses envia um grupo ao palácio de Circe para conseguir informações. Com exceção do líder do grupo, os demais entram no palácio a convite de Circe e, enfeitiçados por ela, são transformados em porcos. Euríloco, o líder desse grupo, retorna ao navio para informar que seus homens não saíram do palácio e Ulisses vai até lá para resgatá-los.

Claro que, no meio do caminho, um deus lhe aparece para instruí-lo sobre o que fazer para evitar ser enfeitiçado por Circe e para conseguir o retorno de seus homens. Tudo realizado conforme as instruções, Circe, apaixonada por Ulisses, convida a todos para ficarem no palácio, o que ocorre por um ano e, após esse tempo, são os homens de Ulisses que insistem para que ele continue a viagem para casa.

Assim ela falou, e nossos corações generosos ficaram reconfortados. Então, durante um ano, ali nos quedamos, banqueteando-nos todos os dias, tendo carnes e o saboroso vinho em quantidade. Mas quando, volvido este ano, surgiu a primavera, quando, decorridos os meses, chegaram os dias compridos, meus fiéis companheiros, chamando-me à parte, me disseram: “Infeliz, é tempo de pensar na pátria se porventura o destino quer que regresses, são e salvo, a teu excelso palácio e à terra de teus pais”.

Circe, então, “liberta” Ulisses, mas diz que, para voltar em segurança, ele precisa ir ao Hades (mundo subterrâneo, morada dos mortos) para aconselhar-se com a alma de Tirésias.

Pupilo de Zeus, filho de Laertes, industrioso Ulisses, não permaneçais, contrariados, por mais tempo em minha mansão. Antes, porém, tereis de empreender uma outra viagem até às moradas de Hades e da terrível Perséfone, a fim de interrogardes a alma do tebano Tirésias, o adivinho cego que nada perdeu de sua sabedoria.

Bem, vou parando por aqui com a reflexão de como Ulisses, com toda sua astúcia, é constantemente guiado pelos deuses para driblar o destino que lhe seria trágico por conta da vingança de outro deus.

Tenham todos uma ótima semana!

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