Bom dia, pessoal!
O isolamento social me está possibilitando ler mais. Se não é possível sair às ruas ou viajar, a literatura fornece novos e variados mundos nos quais ainda se pode mergulhar. O livro que indico hoje é o segundo título de Celeste Ng que eu li, mas foi o primeiro que ela lançou. Após sua leitura, já posso afirmar que ela entrou no rol de meus autores favoritos. Gosto muito de sua forma original de abordar os temas escolhidos.
Em “Tudo o que nunca contei”, observamos que, muitas vezes, calamos para evitar o que achamos que será uma situação de perda. Para evitar spoilers, vou chamar de A a personagem que dá origem ao título.
Em determinado momento, A interpreta a situação que está vivendo de tal maneira, que imagina que somente agindo de certa forma poderá manter as pessoas felizes e unidas. Essa forma de agir, porém, acaba trazendo expectativas que ela não consegue cumprir, porque aquilo não é o que ela gostaria para sua vida. No desenrolar da estória, o estresse de fingir ser o que não é vai cobrando um preço muito alto até que a pressão se torna insuportável.
O livro prende a atenção do leitor não pelo suspense de saber o que vai acontecer, mas pela necessidade de saber o porquê de ter acontecido. Poderia-se dizer que A não tem maturidade para tomar as decisões que tomou, mas quantos de nós já se viu em situação semelhante? Quantas vezes agimos com base em nossa interpretação da realidade? Pior ainda, quantas vezes cobramos de outros a conta pelos sacrifícios que fizemos, mas que nunca foram pedidos?
Outro ponto trabalhado na estória é a tensão criada por relacionamentos multiraciais. De novo aqui, muitas coisas são caladas e muitas cobranças vão se acumulando para serem verbalizadas em momentos de estresse e angústia.
Todos esses pontos são tratados pela autora de uma forma bem articulada e da qual eu gostei bastante. Como disse, Celeste Ng já entrou na minha lista de preferências e aguardo o lançamento de novos títulos. Fica a dica de leitura de hoje. Espero que tenham todos uma ótima semana!