Bom dia, pessoal!

É muito comum ouvir que o mundo está muito violento, mas, coitado, o mundo não tem feito nada de violento. Na verdade, ele é que é a vítima dessa violência toda. Acho que dizer que o mundo está violento é parte da nossa tendência de não assumir responsabilidades por nossos problemas, de não reconhecer que somos parte de suas causas. É sempre mais cômodo colocar a culpa no outro, ainda que esse outro seja um objeto inanimado.

Todos nós temos qualidades e defeitos, claro, mas acho que temos muito mais facilidade em reconhecer nossas qualidades do que assumir e trabalhar nossos defeitos. O cara que joga papel na rua vai elaborar as mais loucas teorias para justificar sua conduta. Por outro lado, esse mesmo cara vai imediatamente apontar o dedo para uma pessoa que não apanha a sujeira de seu cachorro durante um passeio e dizer que o problema do Brasil é o povo mal educado! Seria engraçado, se não fosse triste.

Com a violência, acontece o mesmo. Todos conseguimos apontar a violência da sociedade, mas não conseguimos ou não estamos dispostos a reconhecer a violência em nós mesmos e a compreender que nós, todos juntos, formamos a tal sociedade violenta. Enquanto isso não acontecer, enquanto não nos reconhecermos violentos e não estivermos dispostos a refletir e trabalhar essa violência, não vejo como mudar e evoluir.

Sempre lembro de um episódio de ST:TOS (Star Trek: série original). Nesse episódio, o capitão Kirk fala sobre a natureza violenta do homem, mas diz a seu interlocutor que, apesar de ser reconhecer violento, o ser humano era capaz de dizer a si mesmo que, hoje, não praticará violência. Não negando sua natureza, o homem era capaz de controlá-la. Essa é uma obra de ficção futurista, mas que aborda um tema muito real, tanto no passado como nos dias de hoje.

Então, vamos combinar, não é o mundo que é violento, somos nós. Entretanto. se estivermos dispostos a reconhecer nossa parte nessa violência, podemos dizer a nós mesmos que, hoje, seremos diferentes, que, hoje, agiremos de forma diferente, que, hoje, não seremos violentos. E, se esse “hoje” se propagar no tempo, então poderemos viver em um “mundo não violento”.

Sempre lembrando, claro, que a violência não é apenas a agressão física. O derramamento de petróleo que atinge as praias do Nordeste do Brasil, se causado por negligência, é uma violência, estacionar em vaga de deficiente é uma violência, aproveitar-se de um desastre natural ou de um acidente para saquear e lucrar é uma violência, e por aí vai.

Uma ótima semana para todos!

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