Cinema

Bom dia, pessoal.

Há algum tempo, eu assisti a um episódio de uma série que estou acompanhando na TV, que mostra a vida em uma “academia para moças” na Sevilha do início do século XX. No episódio, dois rapazes, um diretor e um ator de cinema, foram a essa academia dar uma palestra sobre o que era o cinema e como a sua principal função era a de contar uma estória. 

Fiquei vendo a cena e pensando que talvez isso seja o que eu mais sinto falta e o que acabou me afastando há alguns anos do cinema. Tenho muita saudade do tempo em que o cinema contava estórias. Há muito tempo que as estórias, porém, deixaram de ser o mais importante, sendo substituídas por enredos cuja função principal é levar o público a cenas de ação que utilizem muitos efeitos especiais.   

Quem já teve o privilégio de ouvir um contador de estórias sabe que não há nenhuma necessidade de haver explosões, sangue, lutas coreografadas ou qualquer outro efeito para cativar o público. O essencial sempre foi a estória e, para contá-la, não é necessária nenhuma tecnologia.   

Acho que o cinema errou a mão ao colocar os efeitos especiais acima da narrativa. Como toda onda, é provável que essa, um dia, mude de direção outra vez. Em algum momento, todos vão perceber que passaram duas horas em uma sala escura, vendo um monte de cenas e que, ao final, não conseguem contar uma estória coerente baseados no que viram. Nesse momento, o cinema pode mudar de novo. Quem sabe?   

Tenham todos uma ótima semana!

Desafio literário

Bom dia, pessoal.

Aqueles entre vocês que têm o hábito da leitura vão entender rapidamente quando eu disser que estou me preparando para um grande desafio literário. Quanto aos demais, acreditem, estou me preparando para um grande desafio literário. A verdade é que alguns eventos recentes estão me levando a dar esse enorme e difícil passo, que não será dado esse ano, mas, provavelmente, no ano que vem. Fim do suspense: estou me preparando para ler Ulysses, de James Joyce. 

Eu sempre tive muito medo desse livro, que apesar de ser considerado um clássico, também é considerado de compreensão extremamente difícil por ser muito simbólico.   

Estou falando de um livro, mas vocês sabem que eu adoro uma analogia. Assim, quantas coisas em nossas vidas se apresentam como um difícil desafio? Quantos obstáculos nos parecem grandes demais para nossas forças e nossas habilidades?   

Algumas vezes, o problema pode não ser o tamanho desafio, mas a forma com que o enfrentamos. Encarar um desafio de forma afoita, sem um mínimo de preparação, ou mesmo sem a maturidade necessária, pode ser uma receita de fracasso certo e de muita frustração. Voltando a Ulysses, não sei se estou pronta para lê-lo, mas esperei até esse momento, porque acho que agora, ao menos, terei uma chance de apreciá-lo.   

Considero essa consciência importante, porque, ainda que não consigamos superar o desafio a que nos propomos, podemos ter a certeza de que fizemos o nosso melhor possível, e é saber disso que impede as frustrações ou, em outras palavras, que nos garante que travamos o bom combate.   E vocês? Algum grande desafio pela frente?

Tenham todos uma ótima semana!

Uma pergunta inocente

Bom dia, pessoal.

Semana passada, enquanto almoçávamos aqui em casa, o noticiário no rádio falava sobre a guerra da Ucrânia. Minha mãe, então, fez uma pergunta que só poderia vir de uma pessoa menor que dez anos ou maior que oitenta: “A Rússia é um país tão rico. O que ela quer da Ucrânia?”   

Claro que minha mãe ficou sem resposta, porque essa é uma questão muito difícil. De forma genérica, essa questão poderia ser traduzida como: “Por que alguém ambiciona ter mais que o suficiente?”. Como eu disse, é muito difícil de responder.   

Nós temos uma necessidade quase patológica de acumular, seja posses materiais, seja abstrações. A lógica nos diz que quanto mais temos, mais vulneráveis somos. Um milionário tem mais preocupações com a segurança  do que uma pessoa pobre, por exemplo. Da mesma forma, países poderosos têm mais preocupações em manter ou aumentar esse poder do que países não tão poderosos. Ainda assim, preferimos ter preocupações em excesso ou até ficar doentes com essa preocupações do que nos dar por satisfeitos apenas com o suficiente.   

No dia que alguém souber responder satisfatoriamente essa pergunta, atingiremos um grau de evolução que poderá resolver inúmeros problemas do planeta em geral e de nossa espécie em particular. Até lá, porém, com sorte, ainda veremos muitas guerras e explorações econômicas. Bem, minha mãe continua esperando uma resposta. Se alguém aí se habilitar, entre em contato. Eu confesso minha incapacidade.   

Tenham todos uma ótima semana.

Les Mis

Bom dia, pessoal. 

É uma questão de afinidade. Algumas estórias são tão impactantes e importantes para nós, que simplesmente não conseguimos cansar delas. Comigo, isso acontece com Os Miseráveis, de Victor Hugo, apesar de, pasmem, eu nunca ter lido o livro.   

Já ouvi o CD da peça centenas de vezes, já vi gravações das celebrações de dez e vinte cinco anos de representação da peça, vi o filme musical mais recente no cinema. Simplesmente amo todas essas representações, mas nunca li o livro que deu origem a tudo isso!

Confesso que essa falha imperdoável vinha da falta de coragem de encarar esse livro gigantesco, mas, esse ano, graças à tecnologia que, às vezes, eu tanto critico, dois fatores me ajudarão a corrigir essa falha. O primeiro fator é o kindle. Sim, porque ainda que o livro seja tão grande que várias editoras o dividem em dois ou três volumes, cada volume ainda é grande e pesado. O segundo fator é a leitura coletiva no YouTube. Estou fazendo essa leitura com outras pessoas, seguindo um cronograma tranquilo, que vai estender a leitura do livro por cinco meses. Aí, sim, poderei dizer que conheço Les Mis de verdade!

Ao mesmo tempo, essa leitura será uma excelente oportunidade de estudar o período que vai desde a Revolução Francesa até aos anos posteriores à Restauração da Monarquia. Alio, dessa forma, uma estória que eu adoro ao estudo de uma matéria que eu também adoro. Querem coisa melhor? 

Além de mostrar problemas e injustiças que continuam presentes em nossos tempos, Os Miseráveis mostra também a importância dos valores e a capacidade de superação do ser humano. É um livro que conheceu o sucesso desde seu lançamento e ainda é capaz de emocionar qualquer pessoa. Então, vamos ao livro!

Tenham todos uma ótima semana.

Desafio do mês de Fevereiro

Bom dia, pessoal.   

O mês de fevereiro acabou e, ao contrário do mês passado, pude marcar meu calendários de desafios de 2022 com um satisfatório e grande X verde! Consegui retomar a prática de conversação em espanhol, o que me deixou muito feliz, porque um idioma não praticado é um idioma perdido e todo um investimento de tempo, esforço e dinheiro jogado fora.   

Mais do que falar e entender uma língua estrangeira, eu vejo esse aprendizado como a abertura de portas para a compreensão de outras culturas e, mais ainda, uma chance de compreender outros seres humanos e suas motivações. Neste sentido, eu gostaria ainda de aprender italiano, mas esse projeto vai ficar mais para o futuro.   

Em relação aos idiomas, mesmo o nosso, eu acho que se limitar a aprender a gramática da língua é um tremendo desperdício. É como comprar um smartphone de última geração e usá-lo apenas para fazer ligações telefônicas. O aprendizado de um idioma traz a possibilidade de explorar a história e a literatura dos povos que o falam e isso pode abrir nossa cabeça para o mundo complexo e diversificado em que vivemos.   

Desta forma, estou felicíssima de ter cumprido meu desafio de fevereiro e espero que esse seja um processo de longa duração. Tenham todos uma ótima semana!

A idealização do Passado

  Bom dia, pessoal.

Isaac Asimov é certamente o meu autor preferido de ficção científica, mas, na minha opinião, um dos melhores textos dele não faz parte de uma de suas estórias, mas do prefácio de um de seus livros.   

Ele conta, neste texto, uma discussão amigável com a esposa, na qual ela dizia que gostaria de viver nos tempos antigos e poder ouvir as palestras de Sócrates e Platão na ágora, lá em Atenas. Aqueles eram tempos que valiam a pena ser vividos!   

Asimov lembra à esposa, e a todos nós, que é necessário pensar bem nos desejos. No caso deles, seus antepassados não eram nobres ou cavaleiros, muito pelo contrário. Suas famílias descendiam de servos ou mesmo de escravos. Dessa forma, se vivessem na Grécia de Sócrates, eles não teriam tempo para discutir filosofia, porque, bem provavelmente, seriam servos ou escravos na caso de algum aristocrata. Isso se tivessem sorte!   

Temos a tendência de achar que tudo o que está longe, seja no tempo ou no espaço, é melhor, mais puro, mais honesto etc. A verdade, porém, é que não temos como saber se seríamos mais felizes se vivêssemos em outro lugar ou em outro tempo.   

Uma frase muito bacana e muito correta de Gandalf (o mago de O Senhor dos Anéis) diz: “Tudo o que temos que decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado“. Existe frase mais correta que essa?

Tenham todos uma ótima semana.

Antes tarde que nunca!

Bom dia, pessoal. 

A vida é muito curta para fazer tudo o que nós queremos ou tudo o que se espera de nós. Essa é, talvez, uma das maiores verdades que se pode dizer e, ter consciência dela, ajuda a aceitar nossos limites e a não criar frustrações.   

Desta forma, eu sei que não posso fazer tudo o que quero e sei que não dá para perder tempo demais em coisas que perdem o sentido para mim. Isso aconteceu, por exemplo, com meu violão. Eu sempre me senti frustrada por gostar de violão, mas não saber tocar. Depois de muito tempo, tomei coragem, comprei um violão, fiz aulas por algum tempo e vi que não tinha habilidade, ritmo e nem disciplina de passar horas e horas praticando. O processo foi ótimo, porque me livrou de uma frustração, entretanto chegou um momento em que eu tracei uma linha e decidi não ir mais além.   

Outro item que eu estava devendo ao mundo e a mim mesma foi eliminado recentemente Não foi totalmente eliminado, mas, de novo, tracei uma linha de “suficiência”. Alguns de vocês vão me entender quando eu disser que o dia 25/05 que, até então, era o aniversário de algumas pessoas conhecidas reveste-se agora de uma nova importância e razão de comemoração. Nesta data, passo também a comemorar o Dia da Toalha!   

Sim, depois de habitar este planeta por 56 anos, finalmente li o primeiro volume de uma trilogia de cinco livros que  é uma obra clássica do mundo nerd: O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams. Não acho que lerei o restante da obra, mas já me contento em entender a essencialidade da toalha e a ter mais respeito pelos ratos. 

Assim, tenham uma ótima semana e aceitem que tudo no universo se resume a uma única coisa: 42!

Seca Pimenteira

Bom dia, pessoal.

Existe uma crença, expressa pela expressão seca pimenteira de que, se um local tem vibrações (inveja, mau-olhado etc.), a pimenta absorverá todo esse mal para ela e, acabará secando para proteger esse local.

Eu não acredito nesse tipo de crença, mas o fato é que, não sei por que aconteceu, mas infelizmente aconteceu: minha pimenteira, que estava tão bonita, secou em menos de três dias! Não entendi o que aconteceu, ela não parecia doente ou sedenta. Ainda tentei mudá-la de local, mas nada adiantou; ela secou totalmente e as pimentas ficaram murchas.   

Alguns dias depois, eu fiz uma última tentativa de resgate: usei um estilete para abrir as pimentas e semeei as sementes que estavam nelas tanto no mesmo vaso como em uma cantoneira pequena. Depois de uma semana, minha pimenteira está renascendo e, fiquei pensando nos ciclos da natureza que costumamos ignorar.   

A natureza é feita de ciclos e, para viver em harmonia, nós precisamos reconhecer e respeitar esses ciclos. Por mais que achemos que o ser humano tenha conquistado a natureza, isso nunca foi e nunca será verdade. Essa nossa arrogância é mais típica ainda nas grandes cidades, onde estamos mais desconectados da natureza e de seus ciclos: dormimos bem depois do pôr do sol, comemos em momentos determinados pelo relógio, e não pela fome, bebemos não porque temos sede e sim porque a alarme de um app sinalizou que está na hora de beber água etc.   

Quem vive mais próximo da natureza consegue ter uma noção bem maior de seus ciclos. Aparentemente, minha pimenteira passou por um desses ciclos. Talvez, eu tivesse que ter deixado as pimentas secarem e abrirem-se naturalmente. Entretanto, também tentei intervir no que espero seja um ciclo natural e realizei uma espécie de cesariana.

O fato é que deu certo e onde havia uma pimenteira, agora existem várias em crescimento, o que me deixou muito feliz. Tenham todos uma ótima semana!

Desafio do mês de Janeiro

Bom dia, pessoal.

Vocês estão lembrados da minha brincadeira de auto desafios mensais para este ano? Para refrescar a memória, aqui está o texto de lançamento.

Chegamos ao fim do mês de janeiro, cujo desafio era o retorno ao Pilates, e esse desafio não foi cumprido. Eu achei que esse seria o desafio mais fácil do ano, porque esse retorno já estava definido e eu até já havia acertado o horário, mas janeiro foi atropelado pela ômicron.   

Foi um mês complicado pela altíssima taxa de transmissão do coronavírus e porque eu tive sintomas gripais nesta segunda quinzena. Fico triste por não ter conseguido voltar, mas seria pior voltar sem condições e ter que interromper logo a seguir.   

Acho que estamos partindo para uma forma endêmica da COVID. Ela veio para ficar e as vacinas vão ter que mantê-la sob controle. Provavelmente, teremos campanhas de vacinação anuais até que a transmissão caia ou o vírus não cause complicações sérias. Parece que esta será a tendência, e o problema fica, então, por conta desta fase de transição, na qual a transmissão é alta e o vírus é capaz de produzir condições sérias em muitos casos.   

Meu calendário de desafios de 2022, portanto, começa com um grande X em vermelho. Entretanto, não vejo isso como um fracasso. Às vezes, a gente tem que dar um passo atrás para preparar-se melhor. Não ter retornado ao Pilates em janeiro é uma decepção, mas está longe de querer dizer que eu desisti deste projeto. Só quer dizer que o retorno não será em janeiro. 

Tenham todos uma ótima semana.

Artigos de Luxo

Bom dia, pessoal.

Nessa nossa sociedade maluca, o que leva um produto a ser considerado de luxo não é necessariamente a sua qualidade, mas o fato de ser raro ou difícil de produzir. Esse tipo de produto tem um custo de produção maior, um preço final maior e, consequentemente, só pode ser consumido, de forma legal, pelos poucos que podem e se dispõem a pagar por ele.   

Muitas coisas que já foram tão baratas que eram vendidas a preço de banana, hoje, estão virando produtos caros, incluindo aqui a própria banana. O caminho oposto também é possível e nem é tão raro assim. O sal, por exemplo, já foi um produto de luxo e era tão valioso que chegou a ser usado como valor monetário para o pagamento dos, quem diria, “salários” dos soldados romanos.   

Outro produto que já teve papel de moeda para o pagamento, desta vez entre os maias, era a semente de cacau, que segundo texto da BBC, era “usada para pagar trabalhadores e comercializada em trocas de bens no mercado”.   O cacau acabou sendo processado e o chocolate não é hoje, felizmente, um produto de luxo. Entretanto, segundo Monika Zurek, pesquisadora do Instituto de Mudança Ambiental de Oxford, essa situação pode mudar por causa justamente das mudanças climáticas, já que grandes áreas de produção de cacau podem ficar inviáveis. 

Existe ainda o uso de produtos de luxo como objeto de ostentação. Há quem precise ter uma Ferrari caríssima não porque precise de um meio de transporte, mas porque precisa mostrar que tem uma Ferrari caríssima. Como eu disse, nessa nossa sociedade maluca, tem de tudo!

Só me resta torcer para que meu chocolate querido não entre nesse clube de produtos luxuosos! Tenham todos uma ótima semana.